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quarta-feira, 26 de junho de 2024

Elvis Presley - King Creole - Outros Lançamentos

King Creole - Outros Lançamentos
Depois da exibição nos cinemas em 1958 o filme King Creole (Balada Sangrenta) só voltaria a ser exibido na TV americana, no canal CBS em 1966. Depois disso o filme ainda foi reprisado algumas vezes, principalmente pelo canal ABC, mas em horários alternativos. Como a TV colorida estava chegando no mercado dos Estados Unidos as emissoras programavam os filmes em preto e branco para as madrugadas. No Brasil o filme foi exibido pela primeira vez pela TV Tupi, em 1968, dez anos depois que foi exibido nos cinemas. 

Com a popularização dos videocassetes na década de 1980 vários filmes antigos também ganharam suas versões nesse novo formato. Os filmes de Elvis eram lançados em grandes pacotes contendo vários títulos, inclusive em preços promocionais para locadoras de vídeo e também como venda direta ao colecionador. Nos Estados Unidos praticamente todos os filmes de Elvis foram lançados em VHS. Dois pacotes se destacavam, um com os filmes da MGM e outro com os filmes da Paramount. 

Quando o DVD tomou o lugar do VHS os mesmos filmes foram relançados nesse formato nos Estados Unidos. Agora com capas mais bem trabalhadas, de acordo com a época, onde os posters oficiais originais foram devidamente deixados de lado por sem antigos e pouco comerciais para esse novo mercado. Novamente a MGM saiu na frente, colocando à venda todos os filmes de Elvis nesse estúdio. A Paramount lançou logo depois seu pacote, com King Creole entre os títulos disponíveis. 

No Brasil os filme de Elvis da MGM e da Paramount foram comprados pela Rede Globo na década de 1970. E foram exibidos muitas vezes na Sessão da Tarde, algo que continuou nos anos 80. Como King Creole era um filme em preto e branco não era exibido nessa sessão vespertina, mas em 1988 quando o filme completou 40 anos de seu lançamento original ele foi exibido na Globo na Sessão Classe A que passava nas madrugadas de quarte-feira. Era uma sessão especial apenas com filmes clássicos em preto e branco. O filme também chegou a ser exibido no canal Telecine Cult, já na era dos canais pagos. Por fim o filme também ganharia uma versão em VHS quando foi lançado no Brasil ao lado de outros títulos da Paramount como Feitiço Havaiano, Saudades de um Pracinha, Garotas e Mais Garotas, O Seresteiro de Acapulco e No Paraíso do Havaí. 

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 25 de junho de 2024

Elvis Presley - King Creole nos Cinemas

King Creole nos Cinemas
O filme King Creole (Balada Sangrenta, no Brasil) chegou aos cinemas dos Estados Unidos em 3 de julho de 1958. A estreia contou com uma noite de gala em Los Angeles, com o diretor Michael Curtiz e o elenco do filme, menos Elvis. Ele nunca apareceu para uma première de seus filmes. Uma coisa lamentável, mas na mentalidade tacanha do Coronel Parker, Elvis só apareceria em pública se fosse remunerado. Ele havia dito certa vez: "Se quiserem ver Elvis que paguem um ticket de bilheteria nos cinemas!". Nada era de graça para o velho empresário. 

No Brasil o filme chegou no final de ano, em dezembro, com exibições em cinemas no Rio, São Paulo, Salvador e Recife. Depois foi sendo exibido nas semanas seguintes em várias capitais do país. Naquele tempo os filmes literalmente viajavam pelo país. Grandes rolos de película que as distribuidoras levavam de cidade em cidade para exibição nos cinemas. Primeiro nas capitais, depois na cidades do interior. A distribuidora nacional alugava os rolos para os donos de cinema. Se desse boa bilheteria, o filme continuava em cartaz por mais uma semana. Em Sáo Paulo o filme ficou em cartaz por três semanas, no Rio de Janeiro, por um mês. 

Nos Estados Unidos o filme foi bem elogiado pela crítica. De maneira em geral os jornalistas norte-americanos especializados em cinema gostaram do que viram. Elogiaram Michael Curtiz, que era um diretor respeitado e sobrou elogios até mesmo para Elvis. A mídia em geral deu destaque ao lançamento do filme e ele foi muito bem sucedido nas bilheterias, a tal ponto que a Paramount Pictures quis assinar um contrato de sete anos com Elvis. Isso só não aconteceu porque o cantor tinha outros problemas a resolver. 

Ele havia sido convocado pelo Exército americano para prestar serviço militar. Naquela época, antes da Guerra do Vietnã, o serviço militar ainda era obrigatório. O governo americano até entendeu a situação de Elvis e por isso ofereceu a ele uma alternativa, de serviços promocionas e shows gratuitos para as tropas estacionadas no exterior, algo que vários artistas tinham feito no passado. Só que o Coronel Parker disse não! Como ele já havia dito antes, Elvis jamais iria se apresentar de graça. Com isso Elvis se alistou e foi servir o exército, como um recruta comum. 

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 21 de junho de 2024

Elvis e a Balada Sangrenta

Elvis e a Balada Sangrenta
Sempre muito elogiado, o último filme de Elvis nos anos 50, o famoso King Creole (Balada Sangrenta, no Brasil) merece algumas reflexões adicionais. Não nego que seja um filme muito bom, entretanto afirmar que estaria no mesmo patamar de alguns filmes de Marlon Brando ou até mesmo do ídolo de Elvis, James Dean, já me soa um pouco exagerado. 

Perceba que inicialmente foi um roteiro escrito justamente para os dois rebeldes máximos de Hollywood naquela década. Só que Brando recusou o papel afirmando que já tinha passado da idade (e ele tinha razão sobre isso) e James Dean, que parecia condenado logo no começo de sua carreira a interpretar jovens encucados e confusos, morreu antes de aceitar o papel. Assim o roteiro ficou órfão e a Paramount Pictures entendeu que Elvis poderia ser uma boa opção. O roqueiro rebolador de cabelos de brilhantina poderia salvar aquele projeto. 

Não me entenda mal, acredito que Elvis não se saiu mal, mas vamos falar a verdade dos fatos, ele novamente foi salvo por sua música. Se o filme fosse inteiramente dramático, como originalmente foi concebido, penso que Elvis estaria em apuros. Ele não era ator profissional, apenas enganava bem e tinha boa presença de cena, mas na real não era Marlon Brando e nem James Dean. Havia um Actors Studio de distância entre eles! 

Além disso o filme, apesar de seus inegáveis méritos artísticos, não foge muito da fórmula dos chamados filmes de Elvis. O que isso quer dizer? Bom, tem muitas cenas musicais, duas mulheres disputando seu coração (sendo uma mais jovem boazinha e uma mais velha, do tipo mulher fatal) e claro um vilão, aqui sendo interpretado pelo Walter Matthau, que convenceu bem como mafioso, mas que fez sua carreira praticamente toda interpretando rabugentos em filmes cômicos. Brando é que se consagrou como o mais perfeito padrinho das famílias da cosa nostra. 

Então é isso. Michael Curtiz teve sua experiência diferenciada e Elvis também teve a chance de ser Brando Dean por um dia. Um filme mais do que interessante para quem aprecia a história do cinema, mas ainda longe dos grandes filmes de Hollywood em sua era de ouro. 

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 18 de junho de 2024

Elvis Presley - Balada Sangrenta

É considerado o melhor filme da carreira de Elvis Presley. De fato é um dos melhores momentos de Elvis em sua carreira como ator. Realmente “King Creole” é cinema de altíssima qualidade. Do roteiro às atuações, do argumento à trilha sonora, tudo é muito bem realizado, caprichado, de primeiríssima linha. Isso era de se esperar, pois se trata de uma direção assinada por Michael Curtiz, o diretor de “Casablanca” e tantos outros clássicos, como os filmes que dirigiu com o astro Errol Flynn na Warner, durante as décadas de 1930 e 1940, por exemplo. Então não é nenhuma surpresa o excelente nível técnico do filme como um todo.

A trama se passa numa New Orleans com muita música no ar, mas também com muita criminalidade pelos becos escuros da cidade. É nesse cenário que vive o jovem Danny Fisher (Elvis Presley). Após a morte de sua mãe em um acidente automobilístico, a outrora família feliz de Danny entra em crise. Seu pai (interpretado pelo ator Dean Jagger), um homem honesto e digno, não consegue mais se firmar em nenhum emprego. Já sua irmã Mimi (Jan Shepard) tenta de alguma forma ajudar em casa, ocupando a posição que era exercida por sua mãe falecida. Uma pessoa que logo se torna o equilíbrio emocional da família Fisher.

O sonho de todos eles é que Danny se forme, construa assim um futuro melhor para si e venha a ter um dia uma profissão que lhe dê segurança e estabilidade na vida. A escola se torna a única esperança de toda a família. E é justamente no último dia de aula, quando está prestes a receber seu diploma, que Danny acaba se envolvendo em uma confusão que irá alterar todo o seu destino. Ele briga com alguns colegas na porta da escola e por isso não consegue mais se formar. Desiludido, decide ir atrás de algum trabalho melhor na Bourbon Street, a principal e mais famosa rua de New Orleans. Cheia de boates e cabarets, a Bourbon é uma opção para quem não tem um diploma como Danny. É lá que Maxie Fields (Walter Matthau) impera, controlando tudo menos a pequena casa noturna chamada “King Creole”, onde Danny acaba encontrando um emprego como cantor fixo. E justamente nesse meio cheio de violência e crimes, disputas e concorrências desleais que Danny irá tentar finalmente abrir os caminhos de sua vida.

“Balada Sangrenta” tem um excelente roteiro que procura desenvolver todos os personagens. Apesar das músicas suavizarem um pouco o clima barra pesada da estória, Michael Curtiz conseguiu manter a densidade dramática dos acontecimentos. O Danny Fisher de Elvis é um cara durão, tenaz, que não aceita desaforos, bem ao contrário de seu pai, que muitas vezes se coloca em situações humilhantes apenas para garantir um suado e minguado salário em um emprego como assistente numa farmácia local. Isso é tudo o que Danny não deseja em seu futuro. Para piorar ele começa a andar com a turma de Shark (Vic Morrow de “Sementes da Violência”). Por falar nisso, o elenco coadjuvante de “Balada Sangrenta” é realmente excepcional.

O personagem de Elvis fica dividido entre o amor inocente e puro de Nellie (interpretada por Dolores Hart, mais uma vez contracenando com Elvis) e a paixão pela desiludida Ronnie (Carolyn Jones), uma garota de boate e amante casual do gangster Maxie. E por falar nesse personagem não deixa de ser muito interessante ver Walter Matthau interpretando um gangster que tenta controlar a tudo e a todos com violência, chantagens e poder econômico. Suas cenas ao lado de Elvis são excelentes. Curiosamente aqui Matthau deixou de lado seus personagens cômicos, em divertidos filmes ao lado de Jack Lemmon, para atuar em uma papel bem sério, diria até mesmo sinistro. Foi uma exceção em sua longa carreira no cinema.

E o Rei do Rock, como se sai com tanta responsabilidade ao ter que atuar no meio de tantos atores talentosos? Muito bem. A crítica da época elogiou Presley por sua capacidade de segurar um filme desse porte! Embora não fosse um ator com formação dramática, não há como deixar de elogiar o cantor em sua caracterização aqui. Obviamente que sua atuação não pode ser comparada aos grandes atores da época, mas dentro de suas possibilidades Elvis se saiu excepcionalmente bem. E ele tem muitas cenas complicadas ao longo do filme, seja sofrendo ao saber que seu pai foi apunhalado, seja tentando transmitir a dor pela perda de uma pessoa querida.

Embora tivesse a opção de realizar o filme em cores, o diretor Michael Curtiz se decidiu pelo Preto e Branco. A decisão foi baseada no próprio enredo do filme que pedia por um clima mais sórdido, noir, sombrio, ideal para o P&B. Outra decisão do diretor foi filmar grande parte do filme nos estúdios da Paramount em Los Angeles. Apenas algumas cenas seriam realizadas em locação na cidade de New Orleans, como a seqüência final no píer. Dentro dos confortáveis estúdios era bem mais fácil controlar as filmagens. Assim uma Bourbon Street foi recriada dentro do estúdio, o mesmo acontecendo com as boates de Maxie Fields e o próprio King Creole.

Em conclusão, “Balada Sangrenta” é um pequeno clássico da década de 1950 que merecia inclusive ter mais reconhecimento. Há uma mistura de elementos e gêneros que vão do drama ao suspense, do musical ao romance, que não pode ser subestimada. Pena que Michael Curtiz já estava com a idade muito avançada, perto de se aposentar definitivamente. Ele nunca mais trabalharia com Elvis. A lamentar também os rumos que a vida do próprio Elvis tomou após terminar o filme, ao ser convocado para o exército americano, interrompendo sua carreira em Hollywood, logo no melhor momento e na melhor fase de toda a sua vida artistica. De qualquer modo ficou para a posteridade essa obra cinematográfica, que resistiu excepcionalmente bem ao tempo. Uma preciosidade que merece ser redescoberta não apenas por fãs de Elvis Presley ou admirados de Michael Curtiz, mas principalmente pelos cinéfilos em geral. “Balada Sangrenta” é sem dúvida um exemplo do que de melhor Hollywood produzia naquela época.

Balada Sangrenta (King Creole, Estados Unidos, 1958) Direção: Michael Curtiz / Roteiro: Herbert Baker, Michael V. Gazzo baseados na obra "A Stone for Danny Fisher" de Harold Robbins / Elenco: Elvis Presley, Carolyn Jones, Walter Matthau, Dolores Hart, Dean Jagger, Vic Morrow, Paul Stewart, Jan Shepard, Liliane Montevecchi / Sinopse: Danny Fisher (Elvis Presley) se vira como é possível para ajudar sua família. Após as aulas ganha uns trocados limpando mesas e arrumando os salões de bares e casas noturnas em New Orleans. É justamente aí que descobre ter um talento especial, o de cantor. Disputado por duas casas noturnas da Bourbon Street, ele terá que ser forte para sobreviver ao jogo de gangsters e criminosos de todos os tipos.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 14 de junho de 2024

Elvis Presley - King Creole - Discografia Brasileira

King Creole - Discografia Brasileira
Para surpresa geral dos fãs brasileiros a trilha sonora do filme foi lançada junto com a chegada do filme nos cinemas. Foi a primeira vez que isso aconteceu pois os discos costumavam chegar com 1 ano de atraso nas lojas de discos. E de forma em geral o álbum brasileiro também era bem fiel ao original norte-americano. Apenas mexeram um pouquinho na ordem das músicas. "Lover Doll", por exemplo, foi deslocada, abrindo o lado B do disco nacional. Nada demais, apenas uma pequena mudança que não interferia em nada na audição.

Depois desse lançamento nos anos 1950 o disco ficou muitos anos fora de catálogo, só voltando ao mercado brasileiro em 1982 no pacote do selo Pure Gold. Há quem reclamasse da qualidade sonora dessa edição, mas eu procuro ver pelo lado positivo. Com selo amarelo da RCA o álbum voltava em uma nova edição para os fãs brasileiros de Elvis. Mudaram um pouco a capa, mudando alguns detalhes da direção de arte original. Em minha opinião a capa ficou até mais bonita. 

Depois disso não houve mais edições em vinil. As músicas do filme só voltariam ao nosso mercado em uma edição em CD por volta de 1992. Uma edição até bem simples, sem luxos. O que mais senti falta foi das fotos do filme que vinham na contracapa das edições em vinil. Foi uma versão econômica demais em meu ponto de vista. Um pouco mais de capricho cairia muito bem. 

Por fim a última vez que tive conhecimento de um lançamento nacional com essas músicas do King Creole foi no Box The King of Rock n Roll que trazia todas as gravações de Elvis feitas nos anos 1950. E claro que essas músicas do Balada Sangrenta também foram incluídas. Curioso é que no box dos anos 60 houve uma separação em dois boxes. Em um apenas músicas de estúdio, no outro as músicas de filmes. Na edição dos anos 50 isso não aconteceu, foi tudo junto e misturado. 

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 13 de junho de 2024

Elvis Presley - King Creole

A principal preocupação de Danny Fischer (Elvis) não é ser um astro do rock, mas sim terminar seus estudos e se formar. Mas, com o pai desempregado o único jeito de conseguir isso é ir trabalhar como copeiro, limpando mesas num night club barra pesada, onde ele conhece todos os tipos que frequentam o submundo de New Orleans. Entre essas pessoas está Ronnie (Carolyn Jones), uma prostituta com um coração de ouro, a quem ele protege de um bando de bêbados matutinos quando ela está voltando para casa depois de uma noite dura. Eles ficam amigos e, quando Ronnie o acompanha até a escola, alguns estudantes a insultam.

Danny acaba brigando com eles e é expulso da escola, perdendo a chance de se formar. A barra começa a ficar mais pesada e, na mesma noite, ele se envolve com uma gang de marginais liderados por Tubarão (Vic Morrow) e começa a roubar lojas de departamentos. Danny só precisa cantar para a freguesia, desviando a atenção dos companheiros que roubavam a loja. É a partir desta parte da trama que o personagem de Danny Fischer começa a pensar seriamente em se tornar um cantor. Entre assaltos e canções, Danny conhece Maxie Fields (Walther Matthau), um sinistro chefe da máfia local, e tem um caso com Ronnie e outro com a ingênua Nellie (Dolores Hart) e começa a cantar em uma boate chamada King Creole, onde vira um enorme sucesso, atraindo multidões.

Maxie Fields, dono do Blue Shade, uma boate rival, tenta tirar Danny do King Creole e contratá-lo para o seu club. Como ele não aceita, acaba sendo chantageado por tomar parte num roubo cuja vítima, desconhecido para ele, era seu próprio pai, que fica muito machucado e vai parar no hospital. Sem dinheiro para pagar a conta do pai hospitalizado, Danny aceita a oferta de Maxie Fields. Nas garras do gangster ele segura a situação por algum tempo, mas quando Maxie conta ao pai de Danny que seu filho foi um dos ladrões que o atacaram, Danny fica possesso e bate no mafioso.

Em busca de vingança, Fields manda seus homens atrás dele, que está escondido com Ronnie numa cabana remota. Quando são descobertos pelos capangas, Ronnie leva um tiro e morre. Felizmente, Maxie Fields também é encontrado morto e Danny pode voltar para o King Creole, onde se reconcilia com o pai e com a sempre fiel Nellie. Elvis sempre dizia que de todos os seus filmes, King Creole era o seu favorito

Elvis - Documento Histórico.

terça-feira, 11 de junho de 2024

Elvis Presley - King Creole - Edição FTD

A trilha sonora do filme "Balada Sangrenta" também ganhou uma edição especial dentro do selo Follow That Dream (FTD). Infelizmente pouca coisa restou das sessões de gravação desse álbum. Por isso quando foi anunciado o lançamento do FTD King Creole não me empolguei nem um pouco. É de se lamentar, pois a trilha sonora de King Creole teve uma gravação particularmente complicada com Elvis tendo que trabalhar com o maior número de músicos de sua carreira até aquele momento. A sonoridade de New Orleans exigia um arranjo bem elaborado de metais com vários instrumentistas. Músicos com quem Elvis nunca havia trabalhado antes.

Colocar todos aqueles músicos em sincronia realmente não foi  um trabalho fácil dentro dos estúdios. Mas Elvis sabia lidar muito bem com esse tipo de situação. Como sempre Elvis usava o bom humor e a descontração dentro dos estúdios para aliviar a tensão e a ansiedade do grupo. As sessões de gravação foram realizadas nos estúdios da RCA Victor Radio Recorders, em West Hollywood, California em janeiro de 1958. Walter Scharf foi o produtor, acompanhado do engenheiro de som Thorne Nogar. Em fevereiro Elvis voltaria aos estúdios para alguns complementos e acabaria gravando uma nova música chamada "Danny" que acabou ficando de fora do álbum original, embora fosse uma bela balada, bem de acordo com o contexto do filme, uma vez que Danny era o nome de seu personagem.

Como escrevi, muita coisa se perdeu dessas sessões. A RCA não teve o cuidado de guardar grande parte do material descartado na época. E o que sobreviveu das sessões de King Creole? Pouca coisa realmente. As sessões foram longas e exaustivas e era de se supor que muita coisa fosse realmente gravada, mas grande parte das fitas originais foram simplesmente perdidas ou apagadas, não se sabe ao certo. Assim além das versões oficiais que conhecemos sobrou pouca coisa e esse FTD King Creole retrata bem isso. Para compensar a falta de material o selo resolveu apostar numa edição caprichada com um livro recheado de fotos (algumas inéditas) e muitas informações impressas. Direção de arte muito caprichada e bonita.

Claro que nada disso vai preencher a lacuna do que se perdeu mas dentro do possível é realmente o que podemos contar. Até mesmo “Danny”, a famosa música não usada na trilha, surge tímida. Aliás até hoje a exclusão de “Danny” do disco oficial causa debate. A canção não pode ser considerada uma das melhores coisas da trilha sonora, mas tem seus méritos, principalmente na vocalização do grupo de apoio de Elvis. Já a versão do filme de “As Long As I Have You” que ouvimos aqui é muito boa. A voz de Elvis praticamente sussurrada é um ponto alto, assim como “Lover Doll”, em versão bem simples, apenas com violão. De uma simplicidade cativante. Dois casos em que a simplicidade é tudo! Se as anteriores são caracterizadas pela singeleza o take 3 de King Creole peca pelo excesso. Há um exagero nos arranjos de metais ao fundo que torna a sonoridade estranha, pouco atrativa. Ainda bem que os produtores e Elvis perceberam isso e cortaram alguns instrumentos na versão oficial.

E o que dizer do take 18 de King Creole? Parece outra canção tal a mudança em sua velocidade. Os Jordanaires estão mais presentes e Elvis parece não levar nada muito a sério – lá pela metade da gravação ele percebe que aquela melodia certamente não tinha nada a ver mesmo. Esse registro é curioso mas foi descartado logo. É um take alternativo que definitivamente não deu certo. O CD se encerra com a “Alma Mater” Steadfast, Loyal And True. Muita gente não gosta dessa música, mas em minha opinião ela foi salva pela ternura e inocência típicas da década de 1950. Enfim, é isso. Quem sabe um dia a sessão completa não venha a surgir por aí. Possa ser que os tais registros perdidos ainda existam. Aqui vale a máxima: “A esperança é a última que morre!”.

Elvis Presley - FTD King Creole
Original Album: 1 King Creole – take 13 / 2 As Long As I Have You – take 10 / 3 Hard Headed Woman – take 10 / 4 Trouble – take 5 / 5 Dixieland Rock – take 14 / 6 Don't Ask Me Why – take 12 / 7 Lover Doll - take 7 / 8 Crawfish – take 7 / 9 Young Dreams – take 8 / 10 Steadfast, Loyal And True / 11 New Orleans – take 5 / Material Bonus: 12 Danny – take 10 / 13 As Long As I Have You – (movie version) – take 4 / 14 Lover Doll (undubbed EP master) – take 7 / 15 King Creole (First version) - take 3 –16 Steadfast, Loyal And True (First version) – take 6 / 17 As Long As I Have You (unused movie version) – take 8 / 18 King Creole (First version) – take 18 / 19 Steadfast, Loyal And True (undubbed version).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 4 de junho de 2024

Elvis Presley - King Creole - Texto II

Falando sinceramente Elvis Presley nunca contou com a boa vontade dos críticos de cinema ao longo de sua carreira. Via de regra seus filmes e suas atuações eram criticadas severamente pelos especialistas da sétima arte. Porém como toda regra tem exceção, em "Balada Sangrenta" (King Creole, 1958) ele finalmente recebeu elogios. As razões são muitas e até bem diferentes entre si. "King Creole" era cinema puro, cinema de qualidade. O fato do protagonista ser interpretado por um rockstar era um mero detalhe. Penso que os fãs de cinema sempre rejeitaram quando ídolos da música tentaram fazer sucesso nesse campo cultural. Havia uma barreira entre as artes. Quem era do cinema estava dentro. Quem era do mundo da música teria que suar para provar seu valor.

Só que ficou mesmo complicado tecer a lenha nesse filme, principalmente quando se tinha Michael Curtiz como diretor. Ele era um símbolo da era de ouro do cinema americano. Dirigiu dezenas de grandes filmes, entre eles "Casablanca", considerada uma obra-prima absoluta das telas. Arrasar com "King Creole" significava arrasar também com Michael Curtiz e isso definitivamente estava fora de cogitação entre os críticos e entre os cinéfilos. Assim eles todos tiveram que reconhecer os méritos do filme, mesmo que para isso precisassem engolir Elvis Presley no elenco.

E a trilha sonora do filme? Outra surpresa maravilhosa. O puro Rock foi deixado um pouco de lado, ou melhor dizendo, as faixas fortes ainda estariam presentes no disco, mas com outra sonoridade. Não havia mais como a banda tradicional de Elvis dar conta dos arranjos, por isso um grupo enorme de músicos foi contratado pela RCA Victor. A maioria deles eram músicos de jazz, de New Orleans. Justamente o tipo de artista que essas músicas pediam. De fato essa sessão de gravação foi a mais peculirar e ímpar da carreira de Elvis até aquele momento. Um tipo de som que ele nunca havia feito antes em sua vida.

E apesar de ser uma espécie de novato nesse tipo de sonoridade, Elvis se deu bem. Ele apenas entendeu que deveria continuar a ser o mesmo cantor de antes. Os arranjos de metais ao seu lado seriam apenas um bônus. E não deixava de ser curioso também que não fazia muito tempo Elvis havia criticado sutilmente o jazz numa entrevista. O jornalista perguntara a ele se gostava de jazz. Elvis respondeu que não. Não iria falar mal do estilo musical, mas que na verdade não ouvia jazz, não gostava e não o entendia muito bem. É de se estranhar que de todos os ritmos musicais Elvis tenha implicado logo com o jazz. Em Memphis esse tipo de música era até bem comum. Só que Elvis parecia bem mais à vontade cantando gospel, blues ou country. O jazz definitivamente não fazia a cabeça daquele jovem de vinte e poucos anos. Porém lá estava ele nos estúdios da RCA Victor, gravando o seu disco mais jazzístico de sua carreira.

Essa trilha sonora do filme "King Creole" (Balada Sangrenta, no Brasil) é realmente muito boa. Os compositores e arranjadores tinham a complicada missão de unir o som de New Orleans e seu cenário musical mais do que rico, com a sonoridade do novo gênero musical que estava nascendo, o Rock. Não era algo fácil de fazer, mas ouvindo esse disco nos dias atuais chegamos facilmente na conclusão de que todos os envolvidos, criadores e músicos, conseguiram o que estavam procurando, com enorme êxito.

Basta colocar o disco para tocar e ouvir as primeiras notas da música tema, "King Creole", para perceber que vinha coisa muito boa por aí. Essa canção foi encomendada especialmente para a dupla Leiber e Stoller. Eles já tinham uma parceria de enorme sucesso ao lado de Elvis. Basta lembrar da trilha sonora anterior, "Jailhouse Rock" para bem entender que essa união de talentos tinha dado mais do que certo. Essa é uma faixa forte, com arranjos marcantes e letra relevante. Nada de bobagens, apenas um recado duro e visceral. Interessante é que a interpretação de Elvis da música no filme é um tanto convencional, dentro dos padrões. Para uma música tão marcante o diretor Curtiz deveria ter pensado em algo mais forte, contundente.

E as semelhanças de fórmula com outras trilhas sonoras continuavam. Afinal o que era "Lover Doll" a não ser uma nova tentativa de repetir o êxito de Teddy Bear. Só que havia um diferencial por aqui. O personagem de Elvis no filme era um sujeito que vivia em uma linha divisória bem clara, entre ser um bom rapaz ou cair na marginalidade. Na cena do filme ele canta e encanta com essa canção de tema tão pueril enquanto seus comparsas de quadrilha roubam a loja. Pois é meus caros, penso que esse personagem Danny Fisher foi o papel mais forte e marcante de Elvis no mundo do cinema. Falavam muito em James Dean, mas o Danny de Elvis estava mais para um jovem James Cagney, o ator que mais interpretou gângsters famosos nas telas de cinema.

E apesar de Danny ser um cara forjado nas ruas, vivendo em espeluncas administradas pela máfia, ele tentava vencer na vida com os estudos. A família dele acreditava que apenas a formação educacional iria salvar ele do mundo do crime, o que era uma visão certa do mundo naquela fase histórica. Só que ele tinha dois lados. Em uma cena poderia representar o bom moço, para em outra se envolver com pequenos crimes, furtos e coisas do tipo. Para representar o lado bom de Danny, a trilha sonora trazia a canção "Steadfast, Loyal and True", algo como uma espécie de hino escolar, muito tradicional nos Estados Unidos. Os jovens aprendiam a música da escola e depois que se formavam esses temas musicais funcionavam como boas lembravas, como símbolo de nostalgia dos tempos colegiais. Elvis cantou a música praticamente sozinho, com o mínimo de acompanhamento. Um bom momento do disco para curtir apenas sua voz, sem banda e grupo de apoio. Ficou bem bonito.

A gravação da música "Crawfish" trouxe uma novidade dentro da discografia de Elvis. Era a primeira vez que o cantor dividia os microfones com uma cantora. Acontece que o Coronel Parker era completamente contrário a Elvis realizar duetos em seus discos. Na visão do empresário isso diminuía Elvis, o seu prestígio como artista. Elvis deveria vender discos apenas com seu talento, sem precisar de ninguém. Era um tipo de orgulho sem sentido que o Coronel trazia dos seus dias de homem de circo, de gerenciador de artistas de parques de diversões. Uma coisa até mesmo bizarra se formos analisar bem.

Só que no caso dessa canção não havia outra alternativa. Elvis cantava a bela música em uma sacada em New Orleans enquanto uma senhora negra passava pela rua vendendo lagostim. Ela anunciava seus produtos à venda cantando, ao qual o personagem de Elvis respondia, também cantando. Uma bela cena, evocativa do dia a dia daquela cidade, de seus vendedores ambulantes e dos hábitos culinários da região. Quando foi a hora de decidir se a música traria ou não a participação da cantora Kitty White no álbum, o Coronel tentou tirar a participação dela da trilha sonora. Só que isso iria deixar a música sem sentido. Assim a RCA e a Paramount Pictures decidiram que ela estaria sim no disco e como eles mandavam por questões contratuais, a decisão foi mantida. Sabiamente ninguém deu ouvidos aos absurdos do Coronel. Até porque isso também poderia ser interpretado como uma questão de racismo, o que iria pegar muito mal perante os fãs de Elvis.

De todas as músicas de "King Creole" a única que Elvis levou em frente na sua carreira foi "Trouble". Ela inclusive iria ter uma importância incrível dentro do NBC TV Special em 1968. De fato é uma canção com vida própria, que poderia ser mesmo aproveitada dentro da carreira de Elvis dissociada desse filme e do contexto onde ela era apresentada no cinema. A letra também era ideal para o personagem de Elvis em "Balada Sangrenta", uma vez que ele tinha seu lado sombrio, vinculado ao submundo do crime em New Orleans. Aliás os únicos personagens de Elvis no cinema que tinham esse lado mais perigoso e criminal eram justamente o Danny de "King Creole" e o Vince de "Jailhouse Rock", não por acaso seus papéis mais fortes na sétima arte.

"As Long As I Have You" é uma boa balada do disco. Não teve muito uso fora da trilha sonora do filme. Todos os filmes de Elvis tinham sua dose de canções românticas. Fazia parte do pacote, afinal naqueles tempos os filmes de Elvis poderiam ser considerados como romances musicais (em alguns casos, comédias musicais), onde seus personagens invariavelmente tinham que cortejar a mocinha do filme, namorar com ela, tudo para encantar seu público feminino na época que no caso era formado nessa fase de sua carreira por uma imensa maioria de adolescentes. Fazia parte dos roteiros ter sempre uma ou mais cenas românticas onde essas baladas se encaixavam perfeitamente bem.

Colocar Elvis para cantar temas de jazz, ao estilo da Louisiana, não foi algo simples na época. Para quem não sabe esse estado americano tem uma das culturas mais singulares dos Estados Unidos. Nada se compara com a riqueza cultural (logo, musical também) dessa região. Muitos tinham receios de que Elvis iria ser massacrado pela onda de críticas que viria quando o disco chegasse nas lojas. Afinal aquela sonoridade não tinha nada a ver com os discos anteriores que Elvis havia gravado. Era algo novo, pantanoso para ele naquele momento da carreira. Elvis poderia passear facilmente pelo country, pelo gospel, pelo blues e pelo rock. Afinal nesses ritmos ele estaria em casa. Mas uma trilha sonora com elementos de jazz? Era outra história.

Felizmente os compositores, arranjadores e produtores desse álbum tiveram o bom senso de mesclar o estilo de Elvis com o estilo da Louisiana. E não é que deu certo mesmo! Basta ouvir a canção "New Orleans" para entender bem isso. Os arranjos de metais estão todos lá, mas também há o estilo único de Elvis cantar, os Jordanaires e parte de sua banda original. É uma mistura que parecia ser impossível, mas que no final deu certo. Mesmo que os jovens fãs de Elvis viessem a estranhar certos aspectos dessa trilha sonora, eles não iriam detestar o que iriam ouvir. Conseguiram chegar em um bom equilíbrio, algo que muitos achavam que não iria dar certo.

E para suavizar ainda mais tudo, havia o lote de músicas românticas cantadas por Elvis, faixas como "Don't Ask Me Why". Imagine para uma fã adolescente de Elvis nos anos 1950, apaixonada platonicamente por seu ídolo, ouvindo versos como "Eu vou continuar lhe amando / Não me pergunte o porquê / você é tudo o que estou desejando / Não diga adeus / Eu preciso de você mais e mais...". Claro, as jovens iam nas nuvens, sonhando com o "namorado perfeito" que era o próprio Elvis. Isso iria superar qualquer estranhamento que elas viessem a ter com os arranjos fora do padrão desse álbum "King Creole". 

Também me chama a atenção que uma parte das canções dessa trilha sonora eram bem mais convencionais do que as chamadas típicas de New Orleans. Essas poderiam estar em qualquer outro disco ou álbum normal de Elvis, sem problemas. Algumas vezes havia um mix, como em "Young Dreams". Aqui havia uma letra bem mais mediana, com pequenos, leves toques e nuances, para lembrar só um pouquinho do jazz do sul. Essa faixa aqui sempre me lembrou muito de "Young and Beautiful" pois as duas falam de romances juvenis, de amores de adolescentes. A juventude é louvada, aclamada, colocada em um pedestal. Elvis canta que tem jovens lábios para beijar, jovens braços para abraçar sua amada. E convida sua namorada para viverem juntos jovens sonhos de amor ao seu lado. Nada como um amor adolescente, na flor da idade, meus caros. As fãs de Elvis da época, nem preciso dizer, suspiravam ao ouvirem esses versos...

Então chegamos na faixa "Dixieland Rock". Antes de qualquer coisa cabe a pergunta: O que é Dixieland? Dixieland é um lugar que não existe no mundo real. É como Avalon. É um símbolo, uma imagem, uma localidade no imaginário de todo norte-americano nascido no sul dos Estados Unidos. Dixieland é um lugar nenhum e ao mesmo tempo são todos os lugares. Todas as cidades do sul são Dixieland, embora nenhuma delas seja de fato Dixieland. Dixieland é o sentimento de regionalidade, de pertencer ao sul. Quando um sulista nascido nos Estados Unidos diz que nasceu em Dixieland, todos entendem. Ele nasceu no sul, não importando qual estado e cidade ele efetivamente nasceu.

New Orleans é no sul. New Orleans então está em Dixieland. Agora o interessante é que a cultura de New Orleans é tão própria que podemos dizer que se existe uma cidade sulista que seja bem diferente do resto do sul, essa seguramente é New Orleans. Aqui há forte herança da cultura negra, dos escravos que chegaram no novo mundo nas caravelas dos escravocratas das fazendas de algodão do sul. Nesse novo mundo os negros mantiveram seus costumes, sua cultura e sua música. Ao mesmo tempo eles trouxeram para si parte também da cultura francesa, pois a  Louisiana pertenceu por muitos anos à coroa francesa, daí vem seu nome, a terra de Louis, rei da França.

"Dixieland Rock" é uma boa gravação de King Creole, o álbum, mas também temos que convir que com todo esse peso cultural que caiu sobre ela, as coisas se tornaram um pouco turvas. É um bom momento do disco, um momento cheio de vibração e energia, com Elvis em pleno pique. Só não vale tentar comparar com a herança cultural que o nome Dixieland evoca, até porque aí seria realmente até mesmo uma covardia. Séculos e séculos de cultura esmagariam esse música pop / rock da nascente cultura roqueira da década de 1950.

E sobre "Hard Headed Woman", que já tive oportunidade de escrever, não vejo muita salvação. O ritmo é muito bom, muito positivo, pra frente, go, go, go... Só que convenhamos... a letra é realmente péssima. A própria expressão que dá título à música soaria de mau gosto nos dias de hoje. Soaria vulgar, de cultura rasteira. Aqui foi desperdiçado o bom trabalho vocal de Elvis e sua banda, além dos instrumentistas da orquestra de metais que o acompanhou. Tudo isso para chamar uma jovem senhorista de "mulher cabeça-dura"? Não, não me soa interessante. Um momento anacrônico de uma trilha sonora muito boa. Essa música porém merece ser esquecida por trazer uma letra de quinta série.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 31 de maio de 2024

Elvis Presley - King Creole - Texto I

Trilha sonora do quarto filme da carreira de Elvis Presley. No Brasil foi intitulado como "Balada Sangrenta" e está disponível nas locadoras de vídeo. Este é considerado seu melhor momento no cinema como ator e se tornou o filme preferido do próprio Elvis. De certa forma Presley iria passar o resto de sua carreira cinematográfica lamentando não participar de um filme tão bem elaborado como este. O roteiro foi originalmente escrito para ser estrelado pelo astro James Dean, porém com sua morte o projeto foi cancelado. Pouco depois o produtor Hal Wallis resolveu levá-lo à tela com Elvis no papel principal e Michael Curtiz na Direção. Curtiz foi uma lenda do cinema norte americano tendo dirigido um dos maiores clássicos de todos os tempos: o filme "Casablanca" com Humphrey Bogart e Ingrid Bergman. Para tanto foram feitas algumas alterações no roteiro, como a mudança da estória de Danny Fischer que passou de boxeador para cantor nas horas vagas em um club de New Orleans, visando claro, adaptar a inclusão de Elvis no projeto.

"King Creole" (balada sangrenta, 1958) foi um grande sucesso de público e crítica pois vários nomes influentes da imprensa teceram elogios à atuação de Elvis, sendo que este foi um dos pouquíssimos filmes do cantor em que ele não foi criticado severamente. Infelizmente Presley iria deixar seus dias de Marlon Brando para trás e a partir de 1960 iria estrelar várias comédias musicais que não iriam fazer jus ao seu talento, salvando-se neste período poucos momentos realmente memoráveis como "Viva Las Vegas" (amor a toda velocidade, 1964), "Blue Hawaii" (feitiço havaiano, 1961) ou "G.I.Blues" (saudades de um pracinha, 1960). "Balada Sangrenta" é o último filme de Elvis antes do cantor seguir rumo à Alemanha, onde iria cumprir seu serviço militar. Estas são as músicas do LP "King Creole" (LPM 1884):

KING CREOLE (Jerry Leiber / Mike Stoller) - Música Título do filme escrita pela dupla Leiber e Stoller. Como este filme é ambientado em New Orleans, os produtores providenciaram um conjunto de metais que caracterizasse o ritmo da Louisiana, o que faz este disco possuir um som único e singular dentro da discografia de Elvis. King Creole sem dúvida é uma de suas melhores trilhas pois a qualidade de suas músicas acompanhou o alto nível artístico do filme. Foram gravadas duas versões diferentes desta canção: uma no dia 15 de janeiro de 1958 e outra no dia 23 do mesmo mês. A versão presente no disco é a segunda. Foi lançada também num Extended Play intitulado "King Creole vol.1" em Setembro de 1958.

AS LONG AS I HAVE YOU (Fred Wise / Ben Weisman) - Música escrita pela dupla que iria compor a grande maioria das canções dos filmes de Elvis nos anos sessenta. Esta foi também lançada no EP "King Creole Vol.1" em Setembro de 1958 atingindo o primeiro lugar na parada norte-americana! Foram gravadas duas versões diferentes: Uma para o filme e outra que iria fazer parte da trilha sonora. Ambas foram produzidas no dia 16 de janeiro de 1958 nos estúdios Radio Recorders.

HARD HEADED WOMAN (Claude DeMetrius) - Esta foi lançada em single junto com "Dont Ask me Why" em Junho de 1958 atingindo o segundo lugar na parada da revista Billboard e primeiro na Inglaterra. Trata-se de um Rock'n'Roll rápido com um acompanhamento de metais que se sobressaem no conjunto. Foi gravada no dia 15 de janeiro de 1958. Aqui está um caso raro no mundo da música, um exemplo perfeito de "Jazz-Rock".

TROUBLE (Jerry Leiber / Mike Stoller) - A melhor música da trilha e também a mais conhecida. Trouble é uma preciosidade composta por Leiber e Stoller em que o ritmo e o conteúdo de sua letra caiu como uma luva para a história do personagem Danny Fisher, um garoto correto que tenta sobreviver numa New Orleans infestada de Gangsters. Esta também foi utilizada no memorável "Comeback Special" de 1968 fazendo parte de sua trilha. Porém sem sombra de dúvida "Trouble" vai ficar imortalizada nesta versão gravada por Elvis no dia 15 de Janeiro de 1958. "Se você procura por encrenca, veio ao lugar certo!"

DIXIELAND ROCK (A Schroder / R Frank) - Deixe-se levar pelo balanço de Dixieland e aproveite esta linda canção que nos leva a um belíssimo arranjo de metais. Todos os momentos deste disco tem por finalidade nos levar a respirar o espírito jazzístico da Louisiana e esta música cumpre seu papel. A canção "Dixieland Rock" foi lançado num single britânico com "King Creole" no lado A atingindo o segundo lugar na parada de Vossa majestade.

DON'T ASK ME WHY (Fred Wise / Ben Weisman) - Abrindo o lado B do disco temos esta canção que foi lançado no único single norte-americano extraído do disco. "Não me pergunte o porquê" de ela ter sido escolhida para compor o compacto junto com "Hard Headed Woman" pois é fato notório que há músicas muito melhores na trilha. Digno de nota no filme é a atuação magistral do ator Walter Matthau, aqui interpretando um vilão, bem distante dos papéis de comediante que o imortalizaram para sempre. Na foto acima: Elvis e Matthau se enfrentam em "King Creole".

LOVER DOLL (S.Wayne / A.Silver) - Deliciosa música que sem dúvida é uma das melhores da carreira cinematográfica do Rei do Rock'n'Roll. Elvis a canta no filme com a finalidade de distrair os clientes e funcionários de uma loja enquanto membros de um grupo de delinquentes furtam alguns objetos! De quebra o Rei encontra o grande amor de sua vida. Fez parte também do bem sucedido compacto duplo "King Creole vol.1". Canção composta para todas as bonequinhas do mundo.

CRAWFISH (Fred Wise / Ben Weisman) - Música que abre o filme e que Elvis divide os vocais com a maravilhosa cantora negra Kitty White. A letra trata de forma singela dos costumes culinários típicos de New Orleans. É o primeiro dueto da carreira de Elvis a aparecer em um disco oficial, posteriormente ele iria dividir os microfones com a estupenda Ann Margret em "Viva Las Vegas" (amor a toda velocidade, 1964) , com Juliet Prowse em "G.I.Blues" (saudades de um pracinha, 1960), com Nancy Sinatra em "Speedway" (o bacana do volante, 1968) e com Donna Douglas em "Frankie e Johnnie" (entre a loira e a ruiva, 1966).

YOUNG DREAMS (M.Kalmanoff / A.Schroder} - Mais um grande momento do disco que faz jus ao maravilhoso filme que é "Balada Sangrenta". Elvis, ou melhor Danny Fischer, a apresenta no night club num momento especialmente difícil para o personagem. Foi gravada no dia 23 de janeiro de 1958 em Hollywood. Um segundo EP extraído da trilha foi lançado em setembro de 1958 atingindo também o primeiro lugar com esta música incluída nele.

STEADFAST, LOYAL AND TRUE (Jerry Leiber / Mike Stoller) - Todo colégio norte-americano possui uma "alma mater" que é uma espécie de hino escolar. Pois bem, no filme Danny é desafiado a cantar por Walter Matthau para provar que ele realmente sabia cantar! A lamentar apenas o fato de a trilha só contar com três músicas dos geniais Leiber/Stoller. É um momento muito interessante do disco pois Elvis a canta praticamente sozinho o que faz sua voz se sobressair de forma brilhante.

NEW ORLEANS (S.Tepper / S.Wayne) -"Não há lugar como New Orleans" canta Elvis! Esta é uma ótima despedida para o disco fechando esta trilha com chave de ouro. Esta dupla de compositores iriam escrever praticamente todas as canções da próxima trilha do cantor "G.I.Blues" (saudades de um pracinha, 1960). Este também um dos maiores sucessos de Elvis no Cinema. Foi gravada no dia 15 de janeiro de 1958 em Hollywood.

Elvis Presley - King Creole (1958): Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / Ray Siegel (baixo e tuba) / Bill Black (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Neal Matthews (baixo) / Bernie Matthinson (bateria) / Gordon Stocker (bongôs) / Dudley Brooks (piano) / Mahlon Clark (clarinete) / John Ed Buckner (trumpete) / Justin Gordon (sax) / Elmer Schneider (trombone) / Warren D. Smith (trombone) / Kitty White (vocal) / The Jordanaires (acompanhamento vocal) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Steve Sholes / Gravado estúdios Radio Recorders, Hollywood / Data de Gravação: 15, 16 e 23 de janeiro de 1958 / Data de Lançamento: agosto de 1958 / Melhor posição nas charts: #2 (EUA) e #4 (UK)

Pablo Aluísio - Agosto de 1999 / revisado e atualizado em novembro de 2001.

terça-feira, 28 de maio de 2024

Elvis Presley - King Creole - Sessão de Gravação

Elvis Presley - King Creole - Sessão de Gravação
Essa sessão de gravação foi bem atípica na carreira de Elvis. Como as músicas do filme eram de sonoridade jazz, o estúdio contratou todo um grupo de jazz de New Orleans para gravar as músicas ao lado de Elvis. Foi a primeira gravação da carreira do cantor onde se reuniu mais de 20 músicos dentro do estúdio para gravar as músicas. Muita gente circulando dentro do Radio Recorders, em West Hollywood, Califórnia. Por ser um trabalho bem diferenciado havia um novo produtor na sala de controle. Era a primeira vez que Elvis trabalharia com Walter Scharf que na realidade trabalhava para a Paramount Pictures. 

E o quadro de músicos era realmente amplo. Da turma básica de Elvis  havia Scotty Moore, Blll Black e DJ Fontana. A RCA Victor enviaria de Nova Iorque o pianista Dudley Brooks. O Jordanaire Neal Matthews também tocou baixo em algumas das faixas. Além de trabalhar também no vocal de apoio junto de seus colegas do The Jordanaires. A cantora Kitty White faria o primeiro dueto na discografia de Elvis. Ela foi até o estúdio cantar junto a Elvis na canção "Crawfish". 

Do terceiro grupo de músicos havia a turma do jazz. A grande maioria deles era de New Orleans e estava na Califórnia contratados especialmente pela RCA para tocar no disco. Teddy Buckner tocou trompete. Mahlon Clark atuou no clarinete. Justin Gordon fez ótimas performances em seu sax. Elmer Schneider recebeu elogios por seu trombone. Ray Siegel tocou tuba. Hoyt Hawkins completava o naipe de metais. 

As sessões de gravações foram realizadas em meados de janeiro de 1958. Depois de prontas as gravações masters foram enviadas para a sede da RCA Victor em Nova Iorque para a produção das cópias da trilha sonora e para a Paramount Pictures em Hollywood onde elas seriam usadas nas cenas do filme. Inclusive os roteiristas teriam que ouvi-las antes para encaixar nas respectivas cenas. E assim o trabalho foi concluído, pelo menos na parte musical. Faltava agora ir para o set de filmagens. 

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 24 de maio de 2024

Elvis Presley - Hard Headed Woman / Don't Ask Me Why

É complicado entender a razão porque a RCA resolveu lançar “Hard Headed Woman” como a principal música desse único single extraído da trilha sonora de "King Creole". É fato notório e conhecido que a música não tinha mesmo vocação natural para ser um single de sucesso. Em minha opinião esse lugar era reservado mesmo para “Trouble” (com “King Creole” ou até mesmo “As Long As I Have You” no lado B). Tanto isso é verdade que os dois compactos duplos que tinham justamente “Trouble” e “King Creole” como músicas principais acabaram se tornando grandes êxitos de vendas, chegando ao primeiro lugar nas paradas.

Enquanto isso o single “Hard Headed Woman” não conseguia o mesmo sucesso, não alcançando o topo entre os mais vendidos, algo que a RCA Victor vinha apostando quando o colocou no mercado. Os singles (ou compactos simples como eram chamados no Brasil) eram produtos considerados essenciais para o sucesso ou fracasso de um projeto fonográfico. Geralmente eles eram usados como “pontas de lança” no mercado, chegando inicialmente nas lojas para promover as demais músicas do álbum principal que viriam depois com o lançamento do chamado LP.

Definitivamente “Hard Headed Woman” e nem “Don´t Ask Me Why” tinham essa força. Eram canções medianas, não se tornariam grandes hits. Já “Trouble” tinha letra bem escrita e uma performance marcante por parte de Elvis. Tanto que foi utilizada novamente dez anos depois no NBC Special. Outra curiosidade que sempre me chamou a atenção sobre “Hard Headed Woman” é o fato de que no filme “Balada Sangrenta” ela é pessimamente utilizada em cena. Veja, Elvis canta praticamente todas as canções do álbum no filme, mas “Hard Headed Woman” surge incompleta, timidamente, pela metade.

A letra também não ajudava muito sendo bem vazia e até mesmo de certa forma ofensiva para as mulheres de uma maneira em geral.  Que letra péssima! É uma bobagem, se formos pensar bem, fazendo uma viagem ao passado, tentando trazer exemplos rasos de mulheres que foram "cabeça-dura", teimosas. E que besteira de versos são esses que ligam "mulheres de cabeça-dura" a  "homens de coração mole"? Que pobreza poética! Olha, uma besteira sem pé e nem cabeça, vou te contar. Hoje em dia seria vetada por executivos de gravadoras, com certeza absoluta. Assim não dá mesmo para entender porque ele foi alçada como música título desse compacto. Também implico com sua sonoridade que mistura rock com jazz com resultados bem abaixo do que ouvimos em “Trouble”, por exemplo. Enfim, em minha opinião o single foi mal pensado e mal composto. Mais um ponto negativo para ser debitado na conta da RCA Victor.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 21 de maio de 2024

Elvis Presley - King Creole - Letras

King Creole (Jerry Leiber - Mike Stoller) - There's a man in New Orleans / Who plays rock and roll / He's a guitar man / With a great big soul / He lays down a beat / Like a ton of coal / He goes by the name of King Creole / You know he's gone, gone, gone / Jumpin' like a catfish on a pole / You know he's gone, gone, gone / Hip shaking King Creole / When the king starts to do it / It's as good as done / He holds his guitar / like a tommy gun / He starts to growl / From way down his throat / He bends a string / And "that's all she wrote" / Well, he sings a song about a crowded hole / He sings a song about a jelly roll / He sings a song about meat and greens / He wails some blues about New Orleans / Well, he plays something evil / Then he plays something sweet / No matter what he plays / You got to get up on your feet / When he gets the rockin' fever / baby, heaven sakes / He don't stop playin / 'Till his guitar breaks / (Jerry Leiber Music Co / Mike Stoller Music, ASCAP) 2:08 - Data de gravação: 15 de janeiro de 1958 - Local: Radio Recorders Hollywood.

As Long as I Have You (Wise / Weisman) - Let the stars fade and fall / And I won't care at all / As long as I have you / Every kiss brings a thrill / And I know that it will / As long as I have you / Let's think of the future / Forget the past / You're not my first love / But you're my last / Take the love that I bring / Then I'll have everything / As long as I have you / Let's think of the future / Forget the past / You're not my first love / But you're my last / Take the love that I bring / Then I'll have everything / As long as I have you / As long, as long as I have you / (Gladys Music / Erika Publishing, ASCAP) 1:50 - Data de gravação: 16 de janeiro de 1958 - Local: Radio Recorders, Hollywood.

Hard Headed Woman (Claude Demetruis) - Well a hard headed woman, / a soft hearted man / been the cause of trouble / ever since the world began / Oh yeah, ever since the world began / a hard headed woman been / a thorn in the side of man / Now Adam told to Eve, / "Listen here to me / don't you let me catch you / messin' round that apple tree." / Oh yeah, ever since the world began / a hard headed woman been / a thorn in the side of man / Now Samson told Delilah / loud and clear / "Keep your cotton pickin' fingers / out my curly hair." / Oh yeah, ever since the world began / a hard headed woman been / a thorn in the side of man / I heard about a king / who was doin' swell / till he started playing / with that evil Jezebel / Oh yeah, ever since the world began / a hard headed woman been a thorn in the side of man / I got a woman, / a head like a rock / If she ever went away / I'd cry around the clock / Oh yeah, ever since the world began / a hard headed woman been / a thorn in the side of man / (Gladys Music, ASCAP) 1:53 - Data de gravação: 15 de janeiro de 1958 - Local: Radio Recorders, Hollywood.

Trouble (Leiber - Stoller) - If you're looking for trouble / You came to the right place / If you're looking for trouble / Just look right in my face / I was born standing up / And talking back / My daddy was a green-eyed mountain jack / Because I'm evil, my middle name is misery / Well I'm evil, so don't you mess around with me / I've never looked for trouble / But I've never ran / I don't take no orders / From no kind of man / I'm only made out / Of flesh, blood and bone / But if you're gonna start a rumble / Don't you try it on alone / Because I'm evil, my middle name is misery / Well I'm evil, so don't you mess around with me / I'm evil, evil, evil, as can be / I'm evil, evil, evil, as can be / So don't mess around don't mess around don't mess around with me / I'm evil, I'm evil, evil, evil / So don't mess around, don't mess around with me / I'm evil, I tell you I'm evil / So don't mess around with me / Yeah / (Jerry Leiber Music Co / Mike Stoller Music, ASCAP) 2:16 - Data de gravação: 15 de janeiro de 1958 - Local: Radio Recorders Hollywood.

Dixieland Rock (Schroeder - Frank) - Well down in New Orleans at the Golden Goose / I grabbed a green-eyed dolly that was on the loose / Well I dig that music, well she said me too / I said pretty baby come on and let's do / The Dixieland rock / Well the Dixieland rock / Let your hair down Sugar, shake it free / And do the Dixieland rock with me / With the blue light shining on her swinging hips / She got the drummer so nervous that he lost his sticks / The cornet player hit a note that's flat / The tromboner hit him while the poor cat sat / The Dixieland rock / Well the Dixieland rock / Let your hair down Sugar, shake it free / And do the Dixieland rock with me / I was all pooped out and when the clock struck four / But she said no daddy can't leave the floor / She wore a clinging dress that fit so tight / She couldn't sit down so we danced all night / The Dixieland rock / Well the Dixieland rock / Let your hair down Sugar, shake it free / And do the Dixieland rock with me / Let your hair dance Sugar, shake it / And do the Dixieland rock with me / (Gladys Music / Rachel's Own, ASCAP) 1:46 - Data de gravação: 16 de janeiro de 1958 - Local: Radio Recorders Hollywood.

Don't Ask Me Why (Wise - Weisman) - I'll go on loving you / Don't ask me why / Don't know what else to do / Don't ask me why / How sad my heart would be / If you should go / Though you're not good for me / I want you so / It's not the kind / Of love I dream about / But it's the kind / That I can't live without / You're all I'm longing for / Don't say good-bye / I need you more and more / Don't ask me why / I need you more and more / Don't ask me why / (Gladys Music / Erika Publishing, ASCAP) 2:06 - Data de gravação: 16 de janeiro de 1958 - Local: Radio Recorders Hollywood.

Lover Doll (Wayne - Silver) - Lover doll, oh lover doll / Lover doll, lover doll / You're the cutest lover doll / That I ever did ever see / Let me tell you lover doll / You were meant, just meant for me / On the first time that I saw you / How I fell for your cuddly charms / Lover doll I'm crazy for you / Let me rock you in my arms / I'm so glad I found you / Never thought dollies came full grown / I'm gonna tie a ribbon around you / Wrap you up and take you home / I would never treat you badly / Like a cast away broken toy / Lover doll I love you madly / Let me be your lover boy / I'm so glad I found you / Never thought dollies came full grown / I'm gonna tie a ribbon around you / Wrap you up and take you home / I would never treat you badly / Like a cast away broken toy / Lover doll I love you madly / Let me be your lover boy / Lover doll, lover doll / Lover doll, lover doll / Lover doll, lover doll / Let me be your lover boy / Lover doll, lover doll / Lover doll, lover doll / Lover doll, lover doll / Let me be your lover boy / Let me be your lover boy / Let me be your lover boy / (Gladys Music / Holly Hill, ASCAP) 2:09 - Data de gravação: 16 de janeiro de 1958 - Local: Radio Recorders Hollywood.

Crawfish (Weis - Weisman) - Crawfish / Well I went to the bayou just last night / There was no moon but the stars were bright / Put a big long hook on a big long pole / And I pulled Mr. Crawfish out of his hole / Crawfish / See I got him, see the size / Stripped and cleaned before your eyes / Sweet meat look, fresh and ready to cook / Crawfish / Now take Mr. Crawfish in your hand / He's gonna look good in your frying pan / If you fry him crisp or you boil him right / He'll be sweeter than sugar when you take a bite / Crawfish / (Gladys Music / Erika Publishing, ASCAP) 1:38 - Data de gravação: 15 de janeiro de 1958 - Local: Radio Recorders Hollywood.

Young Dreams (Kalmanoff - Schroeder) - (Young dreams of love, young dreams of love) / Young dreams (Young dreams, young dreams) / My heart is filled with young dreams (dreams) / And I'm longing to / Share them all with you / In my eyes, (my eyes, my eyes) / Oh can't you see in my eyes (in eyes) / That you're the only one who / Can make my young dreams come true / I have young arms / That wanna hold you (hold you) / Hold you oh so tight / I have young lips (lips) / That want to kiss you (kiss you) / Kiss you morning noon and night / Take my hand (my hand my hand) / Oh darling take my hand (take hand) / And let me make you a part / Of all my young dreams of love / I have young arms / That wanna hold you (hold you) / Hold you oh so tight / I have young lips (lips) / That want to kiss you (kiss you) / Kiss you morning noon and night / Take my hand (my hand my hand) / Oh darling take my hand (take hand) / And let me make you a part / Of all my young dreams of love / A part of all of my young dreams of love / (Young dreams of love, young dreams of love) / (Rachel's Own / Dandy Grifters, ASCAP) 2:23 - Data de gravação: 15 de janeiro de 1958 - Local: Radio Recorders Hollywood.

Steadfast, Loyal and True (Leiber - Stoller) - Farewell, Royal High School, / We'll remember you / Dear alma mater / We're steadfast, loyal, and true / As we go onward / In the lives we lead / Your light will guide us / Your motto is our creed / We will look back fondly / At your ivy walls / Recalling precious moments / Within your hallowed halls / Farewell, Royal High School / We'll remember you / Dear alma mater / We're steadfast, loyal, and true / (Jerry Leiber Music Co / Mike Stoller Music, ASCAP) 1:15 - Data de gravação: 15 de janeiro de 1958 - Local: Radio Recorders Hollywood.

New Orleans (Tepper - Bennett) - You'll never know / What heaven means / Until you've been down to New Orleans / You ain't been livin' till you cuddle and coo / With some black-eyed baby by de old bayou / You've never seen / You've never seen those Cupid doll queens / Like they got 'em in New Orleans / And, ooh, they love you like no-one can / It makes you awful glad that you were born a man / If-if-if you ain't been there / Then you ain't been nowhere / The livin's lazy and the lovin's fine / If you feel low down / So help me Hannah / You should lose the blues in Loui-si-i-si-ana / Get the lead / Get the lead out of your jeans / And hot foot it down, hot foot down to where? / New Orleans / Louisiana baby tells you stay awhile / Live it up, love it up, southern style / Way down in New New Orleans / (Gladys Music, ASCAP) 2:09 - Data de gravação: 16 de janeiro de 1958 - Local: Radio Recorders Hollywood. 

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 17 de maio de 2024

Elvis Presley - King Creole - Discografia Americana

King Creole (1958)
KING CREOLE
AS LONG AS HAVE I HAVE YOU
HARD HEADED WOMAN
TROUBLE
DIXIELAND ROCK
DON'T ASK ME WHY
LOVER DOLL
CRAWFISH
YOUNG DREAMS
STEADFAST,LOYAL AND TRUE
NEW ORLEANS

King Creole - O disco com a trilha sonora do filme King Creole não chegou a vender tão bem quanto os discos anteriores de Elvis nessa época. Na realidade seu estilo musical mais diferenciado, com toques de jazz, não animou tanto assim os fãs de Elvis na época, afinal eram praticamente todos adolescentes, pessoas que associavam o jazz a "música de gente velha". Mesmo assim passou longe de ser um disco mal sucedido comercialmente. Pelo contrário, vendeu muito bem e por vários meses, afinal o fã mais fiel de Elvis jamais deixaria de comprar um álbum oficial de sua discografia. As músicas que mais se destacaram nas rádios, por sua vez, foram Trouble e King Creole. Hard Headed Woman também se destacou por causa do single lançado. As demais ficaram praticamente restritas ao contexto do filme em si e não foram necessariamente grandes hits. Circularam, de modo em geral, apenas entre os fãs. Abaixo seguem as capas dos discos originais, das primeiras edições nos Estados Unidos. 

 
Hard Headed Woman / Don't Ask Me Why - Lançado em junho de 1958 chegou ao segundo lugar na parada Billboard. O Lado B teve sua melhor classificação na vigésima oitava posição. A gravadora esperava por mais, pelo primeiro lugar, afinal era um single de Elvis Presley e seus compactos na época geralmente chegavam mesmo na primeira posição entre os mais vendidos, mas isso infelizmente não aconteceu.
 

Compactos Duplos extraídos deste disco:

King Creole vol 1
King Creole
New Orleans
As Long As I Have You
Lover Doll

Lançado em setembro de 1958 conseguiu grande êxito de vendas chegando ao primeiro lugar na parada de compactos duplos da Billboard. De certa forma foi o material mais bem sucedido tirado dessa trilha sonora de Elvis.

King Creole vol 2
Trouble
Young Dreams
Crawfish
Dixieland Rock  

Lançado em setembro de 1958 também conseguiu se tornar outro grande êxito de vendas chegando ao primeiro lugar na parada de compactos duplos da Billboard. O lançamento de dois EPs extraídos daa mesma trilha sonora demonstrava que a RCA não havia ficado mesmo contente com o resultado das vendas do LP. Esse EP, por sua vez, teve suas vendas impulsionadas pela presença da música Trouble.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 14 de maio de 2024

Elvis Presley - King Creole - Parte 5

Então chegamos na faixa "Dixieland Rock". Antes de qualquer coisa cabe a pergunta: O que é Dixieland? Dixieland é um lugar que não existe no mundo real. É como Avalon. É um símbolo, uma imagem, uma localidade no imaginário de todo norte-americano nascido no sul dos Estados Unidos. Dixieland é um lugar nenhum e ao mesmo tempo são todos os lugares. Todas as cidades do sul são Dixieland, embora nenhuma delas seja de fato Dixieland. Dixieland é o sentimento de regionalidade, de pertencer ao sul. Quando um sulista nascido nos Estados Unidos diz que nasceu em Dixieland, todos entendem. Ele nasceu no sul, não importando qual estado e cidade ele efetivamente nasceu.

New Orleans é no sul. New Orleans então está em Dixieland. Agora o interessante é que a cultura de New Orleans é tão própria que podemos dizer que se existe uma cidade sulista que seja bem diferente do resto do sul, essa seguramente é New Orleans. Aqui há forte herança da cultura negra, dos escravos que chegaram no novo mundo nas caravelas dos escravocratas das fazendas de algodão do sul. Nesse novo mundo os negros mantiveram seus costumes, sua cultura e sua música. Ao mesmo tempo eles trouxeram para si parte também da cultura francesa, pois a  Louisiana pertenceu por muitos anos à coroa francesa, daí vem seu nome, a terra de Louis, rei da França.

"Dixieland Rock" é uma boa gravação de King Creole, o álbum, mas também temos que convir que com todo esse peso cultural que caiu sobre ela, as coisas se tornaram um pouco turvas. É um bom momento do disco, um momento cheio de vibração e energia, com Elvis em pleno pique. Só não vale tentar comparar com a herança cultural que o nome Dixieland evoca, até porque aí seria realmente até mesmo uma covardia. Séculos e séculos de cultura esmagariam esse música pop / rock da nascente cultura roqueira da década de 1950.

E sobre "Hard Headed Woman", que já tive oportunidade de escrever, não vejo muita salvação. O ritmo é legal, bem rock, muito positivo, pra frente, go, go, go... Só que convenhamos... a letra é realmente péssima. A própria expressão que dá título à música soaria de mau gosto nos dias de hoje. Soaria vulgar, de cultura rasteira. Aqui foi desperdiçado o bom trabalho vocal de Elvis e sua banda, além dos instrumentistas da orquestra de metais que o acompanhou. Tudo isso para chamar uma jovem senhorista de "mulher cabeça-dura"? Não, não me soa interessante. Um momento anacrônico de uma trilha sonora muito boa. Essa música assim perde muitos pontos por causa da letra, embora o ritmo seja muito bom. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 13 de maio de 2024

Elvis Presley - King Creole - Parte 4

Colocar Elvis para cantar temas de jazz, ao estilo da Louisiana, não foi algo simples na época. Para quem não sabe esse estado americano tem uma das culturas mais singulares dos Estados Unidos. Nada se compara com a riqueza cultural (logo, musical também) dessa região. Muitos tinham receios de que Elvis iria ser massacrado pela onda de críticas que viria quando o disco chegasse nas lojas. Afinal aquela sonoridade não tinha nada a ver com os discos anteriores que Elvis havia gravado. Era algo novo, pantanoso para ele naquele momento da carreira. Elvis poderia passear facilmente pelo country, pelo gospel, pelo blues e pelo rock. Afinal nesses ritmos ele estaria em casa. Mas uma trilha sonora com elementos de jazz? Era outra história.

Felizmente os compositores, arranjadores e produtores desse álbum tiveram o bom senso de mesclar o estilo de Elvis com o estilo da Louisiana. E não é que deu certo mesmo! Basta ouvir a canção "New Orleans" para entender bem isso. Os arranjos de metais estão todos lá, mas também há o estilo único de Elvis cantar, os Jordanaires e parte de sua banda original. É uma mistura que parecia ser impossível, mas que no final deu certo. Mesmo que os jovens fãs de Elvis viessem a estranhar certos aspectos dessa trilha sonora, eles não iriam detestar o que iriam ouvir. Conseguiram chegar em um bom equilíbrio, algo que muitos achavam que não iria dar certo.

E para suavizar ainda mais tudo, havia o lote de músicas românticas cantadas por Elvis, faixas como "Don't Ask Me Why". Imagine para uma fã adolescente de Elvis nos anos 1950, apaixonada platonicamente por seu ídolo, ouvindo versos como "Eu vou continuar lhe amando / Não me pergunte o porquê / você é tudo o que estou desejando / Não diga adeus / Eu preciso de você mais e mais...". Claro, as jovens iam nas nuvens, sonhando com o "namorado perfeito" que era o próprio Elvis. Isso iria superar qualquer estranhamento que elas viessem a ter com os arranjos fora do padrão desse álbum "King Creole". 

Também me chama a atenção que uma parte das canções dessa trilha sonora eram bem mais convencionais do que as chamadas típicas de New Orleans. Essas poderiam estar em qualquer outro disco ou álbum normal de Elvis, sem problemas. Algumas vezes havia um mix, como em "Young Dreams". Aqui havia uma letra bem mais mediana, com pequenos, leves toques e nuances, para lembrar só um pouquinho do jazz do sul. Essa faixa aqui sempre me lembrou muito de "Young and Beautiful" pois as duas falam de romances juvenis, de amores de adolescentes. A juventude é louvada, aclamada, colocada em um pedestal. Elvis canta que tem jovens lábios para beijar, jovens braços para abraçar sua amada. E convida sua namorada para viverem juntos jovens sonhos de amor ao seu lado. Nada como um amor adolescente, na flor da idade, meus caros. As fãs de Elvis da época, nem preciso dizer, suspiravam ao ouvirem esses versos...

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 10 de maio de 2024

Elvis Presley - King Creole - Parte 3

A gravação da música "Crawfish" trouxe uma novidade dentro da discografia de Elvis. Era a primeira vez que o cantor dividia os microfones com uma cantora. Acontece que o Coronel Parker era completamente contrário a Elvis realizar duetos em seus discos. Na visão do empresário isso diminuía Elvis, o seu prestígio como artista. Elvis deveria vender discos apenas com seu talento, sem precisar de ninguém. Era um tipo de orgulho sem sentido que o Coronel trazia dos seus dias de homem de circo, de gerenciador de artistas de parques de diversões. Uma coisa até mesmo bizarra se formos analisar bem.

Só que no caso dessa canção não havia outra alternativa. Elvis cantava a bela música em uma sacada em New Orleans enquanto uma senhora negra passava pela rua vendendo lagostim. Ela anunciava seus produtos à venda cantando, ao qual o personagem de Elvis respondia, também cantando. Uma bela cena, evocativa do dia a dia daquela cidade, de seus vendedores ambulantes e dos hábitos culinários da região. Quando foi a hora de decidir se a música traria ou não a participação da cantora Kitty White no álbum, o Coronel tentou tirar a participação dela da trilha sonora. Só que isso iria deixar a música sem sentido. Assim a RCA e a Paramount Pictures decidiram que ela estaria sim no disco e como eles mandavam por questões contratuais, a decisão foi mantida. Sabiamente ninguém deu ouvidos aos absurdos do Coronel. Até porque isso também poderia ser interpretado como uma questão de racismo, o que iria pegar muito mal perante os fãs de Elvis.

De todas as músicas de "King Creole" a única que Elvis levou em frente na sua carreira foi "Trouble". Ela inclusive iria ter uma importância incrível dentro do NBC TV Special em 1968. De fato é uma canção com vida própria, que poderia ser mesmo aproveitada dentro da carreira de Elvis dissociada desse filme e do contexto onde ela era apresentada no cinema. A letra também era ideal para o personagem de Elvis em "Balada Sangrenta", uma vez que ele tinha seu lado sombrio, vinculado ao submundo do crime em New Orleans. Aliás os únicos personagens de Elvis no cinema que tinham esse lado mais perigoso e criminal eram justamente o Danny de "King Creole" e o Vince de "Jailhouse Rock", não por acaso seus papéis mais fortes na sétima arte.

"As Long As I Have You" é uma boa balada do disco. Não teve muito uso fora da trilha sonora do filme. Todos os filmes de Elvis tinham sua dose de canções românticas. Fazia parte do pacote, afinal naqueles tempos os filmes de Elvis poderiam ser considerados como romances musicais (em alguns casos, comédias musicais), onde seus personagens invariavelmente tinham que cortejar a mocinha do filme, namorar com ela, tudo para encantar seu público feminino na época que no caso era formado nessa fase de sua carreira por uma imensa maioria de adolescentes. Fazia parte dos roteiros ter sempre uma ou mais cenas românticas onde essas baladas se encaixavam perfeitamente bem.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 7 de maio de 2024

Elvis Presley - King Creole - Parte 2

Essa trilha sonora do filme "King Creole" (Balada Sangrenta, no Brasil) é realmente muito boa. Os compositores e arranjadores tinham a complicada missão de unir o som de New Orleans e seu cenário musical mais do que rico, com a sonoridade do novo gênero musical que estava nascendo, o Rock. Não era algo fácil de fazer, mas ouvindo esse disco nos dias atuais chegamos facilmente na conclusão de que todos os envolvidos, criadores e músicos, conseguiram o que estavam procurando, com enorme êxito.

Basta colocar o disco para tocar e ouvir as primeiras notas da música tema, "King Creole", para perceber que vinha coisa muito boa por aí. Essa canção foi encomendada especialmente para a dupla Leiber e Stoller. Eles já tinham uma parceria de enorme sucesso ao lado de Elvis. Basta lembrar da trilha sonora anterior, "Jailhouse Rock" para bem entender que essa união de talentos tinha dado mais do que certo. Essa é uma faixa forte, com arranjos marcantes e letra relevante. Nada de bobagens, apenas um recado duro e visceral. Interessante é que a interpretação de Elvis da música no filme é um tanto convencional, dentro dos padrões. Para uma música tão marcante o diretor Curtiz deveria ter pensado em algo mais forte, contundente.

E as semelhanças de fórmula com outras trilhas sonoras continuavam. Afinal o que era "Lover Doll" a não ser uma nova tentativa de repetir o êxito de Teddy Bear. Só que havia um diferencial por aqui. O personagem de Elvis no filme era um sujeito que vivia em uma linha divisória bem clara, entre ser um bom rapaz ou cair na marginalidade. Na cena do filme ele canta e encanta com essa canção de tema tão pueril enquanto seus comparsas de quadrilha roubam a loja. Pois é meus caros, penso que esse personagem Danny Fisher foi o papel mais forte e marcante de Elvis no mundo do cinema. Falavam muito em James Dean, mas o Danny de Elvis estava mais para um jovem James Cagney, o ator que mais interpretou gângsters famosos nas telas de cinema.

E apesar de Danny ser um cara forjado nas ruas, vivendo em espeluncas administradas pela máfia, ele tentava vencer na vida com os estudos. A família dele acreditava que apenas a formação educacional iria salvar ele do mundo do crime, o que era uma visão certa do mundo naquela fase histórica. Só que ele tinha dois lados. Em uma cena poderia representar o bom moço, para em outra se envolver com pequenos crimes, furtos e coisas do tipo. Para representar o lado bom de Danny, a trilha sonora trazia a canção "Steadfast, Loyal and True", algo como uma espécie de hino escolar, muito tradicional nos Estados Unidos. Os jovens aprendiam a música da escola e depois que se formavam esses temas musicais funcionavam como boas lembravas, como símbolo de nostalgia dos tempos colegiais. Elvis cantou a música praticamente sozinho, com o mínimo de acompanhamento. Um bom momento do disco para curtir apenas sua voz, sem banda e grupo de apoio. Ficou bem bonito.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de maio de 2024

Elvis Presley - King Creole - Parte 1

Falando sinceramente Elvis Presley nunca contou com a boa vontade dos críticos de cinema ao longo de sua carreira. Via de regra seus filmes e suas atuações eram criticadas severamente pelos especialistas da sétima arte. Porém como toda regra tem exceção, em "Balada Sangrenta" (King Creole, 1958) ele finalmente recebeu elogios. As razões são muitas e até bem diferentes entre si. "King Creole" era cinema puro, cinema de qualidade. O fato do protagonista ser interpretado por um rockstar era um mero detalhe. Penso que os fãs de cinema sempre rejeitaram quando ídolos da música tentaram fazer sucesso nesse campo cultural. Havia uma barreira entre as artes. Quem era do cinema estava dentro. Quem era do mundo da música teria que suar para provar seu valor.

Só que ficou mesmo complicado tecer a lenha nesse filme, principalmente quando se tinha Michael Curtiz como diretor. Ele era um símbolo da era de ouro do cinema americano. Dirigiu dezenas de grandes filmes, entre eles "Casablanca", considerada uma obra-prima absoluta das telas. Arrasar com "King Creole" significava arrasar também com Michael Curtiz e isso definitivamente estava fora de cogitação entre os críticos e entre os cinéfilos. Assim eles todos tiveram que reconhecer os méritos do filme, mesmo que para isso precisassem engolir Elvis Presley no elenco.

E a trilha sonora do filme? Outra surpresa maravilhosa. O puro Rock foi deixado um pouco de lado, ou melhor dizendo, as faixas fortes ainda estariam presentes no disco, mas com outra sonoridade. Não havia mais como a banda tradicional de Elvis dar conta dos arranjos, por isso um grupo enorme de músicos foi contratado pela RCA Victor. A maioria deles eram músicos de jazz, de New Orleans. Justamente o tipo de artista que essas músicas pediam. De fato essa sessão de gravação foi a mais peculirar e ímpar da carreira de Elvis até aquele momento. Um tipo de som que ele nunca havia feito antes em sua vida.

E apesar de ser uma espécie de novato nesse tipo de sonoridade, Elvis se deu bem. Ele apenas entendeu que deveria continuar a ser o mesmo cantor de antes. Os arranjos de metais ao seu lado seriam apenas um bônus. E não deixava de ser curioso também que não fazia muito tempo Elvis havia criticado sutilmente o jazz numa entrevista. O jornalista perguntara a ele se gostava de jazz. Elvis respondeu que não. Não iria falar mal do estilo musical, mas que na verdade não ouvia jazz, não gostava e não o entendia muito bem. É de se estranhar que de todos os ritmos musicais Elvis tenha implicado logo com o jazz. Em Memphis esse tipo de música era até bem comum. Só que Elvis parecia bem mais à vontade cantando gospel, blues ou country. O jazz definitivamente não fazia a cabeça daquele jovem de vinte e poucos anos. Porém lá estava ele nos estúdios da RCA Victor, gravando o seu disco mais jazzístico de sua carreira.

Pablo Aluísio.