terça-feira, 15 de agosto de 2023

Elvis Presley - Os Singles de 1956

Não é segredo para ninguém que 1956 foi um dos anos mais bem sucedidos na carreira de Elvis Presley. Ele foi contratado pela RCA Victor logo no começo do ano e a partir daí logo se tornou um dos maiores vendedores de discos dos Estados Unidos. No total, em 1956, a RCA colocou no mercado 11 singles de Elvis! De fato, um exagero. Nenhum outro artista teve tantos singles lançados como Elvis naquele ano. Olhando mais de perto porém podemos tirar outras conclusões. A história não foi bem assim. Nem tudo era inédito.

Seis deles eram meras reprises extraídas do primeiro álbum de Elvis no selo. São eles: "Blue Suede Shoes / Tutti Frutti" (grande sucesso no Brasil), "I Got a Woman / I'm Counting On You" (com o sucesso de Ray Charles no lado A), "I'll Never Let You Go / I'm Gonna Sit Right Down and Cry" (com o lado B fazendo sucesso na Inglaterra), "I Love You Because / Trying to Get You" (duas baladas country), "Just Because / Blue Moon" (com canções dos tempos da Sun) e finalmente "Money Honey / One-Sided Love Affair" (duas faixas gravadas já com Elvis trabalhando na RCA Victor).

O primeiro single inédito mesmo foi lançado logo no começo do ano e trazia "Heartbreak Hotel / I Was The One". Na primeira canção o produtor Steve Sholes deliberadamente quis copiar o som da Sun Records. O estilo, digamos, nebuloso, não agradou aos executivos da RCA em Nova Iorque. Aquela coisa toda envolvendo um bilhete de suicídio e solidão não era bem o que a gravadora queria quando contratou Elvis. Só que o compacto fez um tremendo sucesso, chegando ao topo da parada Billboard. A crítica também ficou impressionada com a performance de Elvis. O segundo single inédito do ano surgiu nas lojas com a dobradinha "I Want You, I need You, I Love You / My Baby Left Me". O lado A era uma balada bem romântica e fez sucesso, inclusive com Elvis a apresentando para a nação em rede nacional de televisão. Curiosamente Elvis a tinha gravado numa sessão turbulenta. O avião que o havia levado para o estúdio quase caiu e ele estava bem nervoso no dia.

O maior sucesso comercial de Elvis em 1956 veio com o single "Don't Be Cruel / Hound Dog". Em poucos dias o single explodiria em vendas, vendendo rapidamente cinco milhões de cópias, algo que deixou a RCA completamente surpresa. Aquele cantor de Memphis tinha mesmo faro para o sucesso. Desnecessárias maiores apresentações, esse single foi um hit absoluto de sua discografia, criando a imagem do roqueiro rebelde que Elvis iria construir nos anos 50. "Shake, Rattle and Roll / Lawdy, Miss Clawdy" também manteve esse seu lado rocker mais em evidência. Como o single anterior havia vendido muito a RCA Victor tinha esperanças que iria conseguir o mesmo êxito comercial. Ficaram apenas nas esperanças. Porém não era motivo para se lamentar. O ano terminou com outro grande sucesso nas rádios, "Love Me tender / Anyway You Want Me" se tornaria um clássico dos anos 50. O lado A vinha para promover a estreia de Elvis em Hollywood. As fãs, nem é preciso dizer, amaram o lado mais românico da canção. Assim Elvis fechava o ano com chave de ouro, fazendo o mesmo sucesso que havia começado. Em pouco tempo ele havia se tornado o cantor mais popular da América.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Elvis Presley - RCA Victor Studios II

Em setembro de 1956 Elvis entrou em estúdio para gravar seu segundo LP. O clima era bem diferente daquele que ele enfrentou na gravação de seu primeiro disco, as coisas agora seriam diferentes. Para começar Elvis deixava de ser apenas uma promessa para a RCA, ele havia se tornado o bem mais precioso da milionária gravadora, tratado com todo o respeito e reverência. Com o sucesso de seu primeiro álbum Elvis deixou de ser apenas "um garoto metido" e sua música não era mais apenas uma piada nos corredores da multinacional. Elvis rapidamente se tornou o maior vendedor de discos da Victor, deixando nomes consagrados para trás. E isso tudo aconteceu em um curto espaço de tempo, na verdade Elvis deixou de ser um artista desconhecido e sua fama se tornou mundial em apenas poucos meses, praticamente da noite para o dia. Pode ter certeza que tudo iria mudar de agora em diante.

A RCA resolveu mudar seu modo de lidar com Elvis, todos seus desejos e exigências seriam atendidas sem a menor contestação, a gravadora inclusive deu carta branca para Elvis mudar de produtor, já que Steve Sholes não havia se dado muito bem com o cantor nas gravações do disco anterior.

Mas Elvis não fez nada, não exigiu a dispensa de Sholes e nem mudou sua postura se tornando arrogante ou algo parecido, Elvis continuou como antes. Na realidade ele só queria uma coisa: que o deixassem em paz para ele produzir seus discos e escolher a seleção das músicas de seu segundo trabalho. Scotty Moore relembra: "Elvis não iria despedir Steve Sholes, apesar dele ter sido um pouco grosseiro nas primeiras gravações. Elvis não iria se sentir bem mandando alguém para o olho da rua, não era o estilo dele". Sholes ficou, mas ficou em segundo plano. Elvis iria trazer outras pessoas de sua confiança para ajudar nas gravações como os compositores Leiber e Stoller e iria ouvir mais seus músicos, inclusive Chet Atkins que ele conheceu na Victor mas que sempre trazia boas sugestões para os takes. Curiosamente nos anos seguintes, com o afastamento de Sholes por motivos de saúde, Atkins iria se tornar o verdadeiro produtor de Elvis na RCA.

Elvis tomou outra decisão diminuindo o número de instrumentistas nas sessões, sendo que a partir de agora seriam apenas cinco músicos (Scotty, Bill, D.J. Elvis e os Jordanaires). Como não haveria um pianista fixo, ele próprio, Elvis, iria se tornar, ao lado de Gordon Stocker dos Jordanaires, o pianista dessas sessões. De certa maneira Elvis ficou sobrecarregado, pois ele iria produzir o disco, tocaria violão e guitarra e ainda teria que ser o dono dos teclados durante as gravações. Mas Elvis não se importou, para ter mais controle ele também teria que assumir mais responsabilidades. Só mais um coisa: Elvis pediu um estúdio melhor, pois tocar em uma sacristia não era bem o seu lugar preferido para gravar músicas. Sugestão prontamente aceita pelos executivos da major americana.

Como a RCA não tinha um estúdio decente em Nashville e nem em Memphis o jeito foi levar todos para a costa oeste, para Hollywood, para que o disco fosse gravado no melhor estúdio da gravadora: o Radio Recorders. No começo a RCA sugeriu seus estúdios em Nova Iorque, mas Elvis já tinha gravado por lá e achava que ir para Hollywood seria melhor. D.J. relembra: "Na verdade queríamos ir para o Radio Recorders, um estúdio de gravação com o melhor em recursos técnicos". Com tudo acertado Elvis continuou sua série de shows e aparições na TV americana. Parou uns dias em casa para descansar e ensaiar ao piano as principais canções do disco. Depois juntou a turma e seguiram viagem para Los Angeles, onde seriam realizadas as gravações de "Elvis", seu antológico segundo disco. O grupo entrou em estúdio para aquela que seria a sua primeira sessão verdadeira na RCA Victor. Em apenas três dias ele gravaria 13 músicas, um recorde absoluto.

Com o controle dentro dos estúdios Elvis impôs seu modus operandi. Cada sessão começava com algumas canções gospel conhecidas, com todos os músicos em sua volta formando um círculo. Isso podia durar minutos ou horas. As canções eram testadas do pop ao R&B. As músicas eram repetidas insistentemente. Na hora de ouvi-las, se Elvis gostava, fazia um sinal com a cabeça mostrando que queria ouvir novamente. Se não, simplesmente passava o indicador sobre a garganta. A RCA queria que Elvis gravasse "Rock Around The Clock" de Bill Halley, mas Elvis logo a descartou. Também rejeitou várias outras como "I Almost Lost My Mind", "Your Secret's Safe With Me" e "Rock'n'Roll Ruby". Chegou a ensaiar "Mulberry Rush" mas logo desistiu dela também. Ao invés dessas Elvis se concentrou em composições de Leiber e Stoller como "Love Me" e de Blackwell como "Paralyzed". Gravou ainda uma canção de Chet Atkins e outra de um autor desconhecido de Nova Iorque, Ben Weisman. Mais três músicas que foram sucesso com Little Richard e uma velha canção de Willie Walker e Gene Sullivan chamada "When My Blue Moon Turns Gold Again". Depois foi até ao piano e gravou uma versão de "Old Shep", balada sobre a amizade de um garoto e seu cachorrinho.

Ecletismo é a palavra chave para descrever essa maravilhosa sessão de gravação. A grande diferença em relação ao disco anterior é que Elvis e sua equipe conseguiram recriar a atmosfera das gravações da Sun Records. Produziram material da mesma qualidade. Com isso todos ficaram satisfeitos. Mas Elvis não parava e não se mostrava cansado, ele ouvia as canções inúmeras vezes, tentando extrair o máximo que podia de cada música. Bones Howe, assistente do engenheiro de gravação Thorne Nogar disse que Elvis "ficava trabalhando muito tempo numa música, e seu critério era ter uma boa sensação ao ouvir as demos. Ele não se importava com pequenos erros. Estava interessado em extrair uma certa magia das canções. As sessões sempre eram diferentes e divertidas, havia muita energia, ele sempre estava fazendo algo inovador" Elvis terminou sua participação na madrugada do dia 3 de setembro. O disco chegaria nas lojas um mês depois, ocupando a primeira posição em 46 países diferentes ao redor do mundo, um sucesso digno de um Rei, de um Rei do Rock.

Pablo Aluísio - dezembro de 2003

domingo, 13 de agosto de 2023

Elvis Presley - RCA Victor Studios

Em novembro de 1955 Elvis Presley foi contratado pela RCA Victor. Por essa época Elvis também assinou uma parceria com o empresário Coronel Tom Parker. Elvis fechou com a RCA por 35 mil dólares, a maior quantia paga a um artista solo até então. Com o dinheiro da venda, Sam Phillips, dono da Sun Records, conseguiu reformar sua pequena gravadora e investir em outros talentos. Então, em uma manhã ensolarada de segunda feira, 10 de janeiro de 1956, Elvis entrou em seu Cadillac roxo novinho, juntou-se aos rapazes de sua banda e viajaram até Nashville nos estúdios pertencentes à RCA.

Quando chegaram tiveram uma grande surpresa. Na realidade os estúdios eram de propriedade da Igreja Metodista do Tennessee, localizado nos fundos de uma antiga igreja protestante. Eles até ficaram em dúvida se aquele era o endereço correto. Mas eles não erraram de lugar, o estúdio ficava ali mesmo. A RCA havia alugado o local porque ele era muito apreciado por causa de sua acústica impecável. Elvis sentiu-se um pouco deslocado, ao contrário do pequenino local de gravação da Sun, ele agora se deparava com um grande espaço aberto, em um local que na realidade não se parecia com um estúdio de gravação, mas sim com uma sacristia! Imagine gravar Rock'n'Roll em um lugar desses, em solo sagrado!

Elvis resolveu então juntar o pessoal da banda, ao invés de espalhá-los pelo recinto. Assim todos ficaram agrupados em um canto do estúdio com Elvis cantando de frente para a banda e com o pessoal de apoio vocal ao seu lado. Para essa sessão foram recrutados outros músicos importantes como o pianista Floyd Cramer, que já tinha topado com Elvis pelas estradas e Gordon Stocker, que depois iria trazer seu próprio grupo (os Jordanaires) para acompanhar Elvis em gravações futuras. Para completar o grupo a RCA trouxe dois vocalistas Gospel, os irmãos Ben e Brock Speer. Elvis trouxe consigo sua turma: Scotty Moore e Bill Black. O baterista D.J. Fontana foi o último a chegar, sendo contratado em cima da hora pela direção da gravadora. Assim Elvis viu-se cercado por uma equipe de quase dez músicos. Para quem era acostumado a tocar com dois, foi um avanço grande. Depois Elvis foi apresentado ao seu novo produtor, Steve Sholes. Ao contrário de Sam, que sempre trazia contribuições para os takes, Sholes não era de dar opiniões no som da banda. Simplesmente ficava na sala de controle providenciando os aspectos técnicos da mesa de gravação.

Logo Elvis percebeu que iria ter que se virar sozinho com seu grupo. Presley também ficou surpreso ao saber que havia três violões e uma guitarra exclusivamente à sua disposição. Sem saber disso o futuro Rei do Rock tinha até trazido seu baleado instrumento para as gravações. Resolveu usar ele mesmo, pois o velho camarada de estrada já estava afinado em sua afinação preferida. Depois de se acomodar o grupo se preparou para as gravações. Sholes, da cabine de controle, perguntou a Elvis qual seria a primeira música a ser gravada. Elvis então deu uma olhada na lista das músicas e começou a riscar no papel as que ele pretendia iniciar nesse sessão de estreia. Uma logo lhe chamou atenção: "I Got a Woman". Seria melhor começar com ela pois eles já a estavam tocando nos shows e a banda estava entrosada.

Assim Elvis e os caras da banda chegaram a conclusão que era melhor começar por ela mesmo. Instrumentos ligados, todo mundo preparado começou as gravações, mas... A verdade era que as primeiras sessões não foram lá essas coisas. Os músicos ainda eram inexperientes. Era a primeira gravação deles fora da Sun Records e a primeira vez que tocavam com os outros músicos contratados pela RCA. Steve Sholes também não começou bem seu relacionamento com Elvis, não soube lidar muito bem com o estilo de trabalho de Presley. Elvis, por sua vez, não gostava muito da seriedade que estava reinando no estúdio naquele momento. Ele gostava de gravar em ambientes mais descontraídos e não sentindo toda a pressão dos caras da RCA. O som não foi dos melhores. Apesar das dificuldades, pouco após às duas horas da tarde daquele dia, Elvis foi ao microfone mais uma vez para tentar o take certo de "I Got a Woman".

Sob pressão e sob um calor infernal que fazia dentro dos estúdios, Elvis simplesmente arrasou! Fez uma performance inacreditável. Logo Sholes viu que aquele era o take definitivo, o ideal. Assim naquela tarde, depois de algumas tentativas, Elvis conseguiu gravar sua primeira canção na RCA Victor. Usava calças negras com uma faixa azul nas laterais e dançava como se estivesse fazendo um show para uma enorme plateia. Todos os caras da RCA ficaram impressionados. Sholes, já naquela época um senhor de mais de 50 anos, achou estranho, mas resolveu não falar nada. Ele nunca tinha ouvido ou visto aquele estilo musical em todos os seus anos de profissão. Nem podia, Elvis estava inventando naquele estúdio um novo idioma musical.

Então Elvis se preparou para a hora da verdade. Ele queria gravar "Heartbreak Hotel", de sua autoria junto com Mae Axton e Tommy Durden. Sholes achou a canção muito "estranha" pois a letra foi inspirada em um recorte de jornal que falava do suicídio de um homem, que teria escrito em seu bilhete de despedida a frase "Eu caminho em um rua solitária". Steve disse a Elvis que a achava muito mórbida, Elvis sorriu e respondeu que gostava dela e que a achava "legal". - "Então ok!" - respondeu o cansado produtor, naquela altura louco para voltar para casa. Ele havia achado Elvis "um garoto meio estranho com roupas esquisitas que canta umas músicas estridentes" como diria mais tarde a esposa de Sholes a um jornal de Nova Iorque. Só faltava essa: o primeiro produtor de Elvis na RCA era um velhusco ultrapassado. Mas sabia fazer seu trabalho.

Para conseguir o feito do eco, que Sholes considerava um ingrediente essencial da Sun Records, ele colocou um alto falante embaixo da escada , no hall, criando um som um tanto cavernoso, que se tornaria a marca registrada dessa música. Para encerrar o dia Elvis e banda detonaram em um rock clássico, "Money Honey". Exausto, depois de tocar o dia inteiro, Elvis deitou-se em cima de uma mesa que ficava no hall do estúdio. Nesse momento a filha do pastor local tirou uma das fotos mais raras da carreira de Elvis Presley. Quando a sessão estava concluída, Steve Sholes levou o material a seus superiores, que ficaram desnorteados. - "Eles me disseram que as músicas não soavam parecidas com nada que a gravadora já havia feito antes. Não soava como os outros discos e que era melhor não lança-lo daquele jeito. Me mandaram voltar e gravar tudo de novo". Era só o que faltava para Steve, nas portas da aposentadoria ele teria agora de cuidar de um "garoto maluco e sua bandinha!" O clima começou a ficar pesado entre Elvis e a RCA.

Steve então tomou uma decisão polêmica: resolveu aproveitar algumas músicas de Elvis na Sun e colocar no disco como "Blue Moon" e "Just Because", assim se o disco fosse um fracasso total o prejuízo seria menor. Nos dias que se seguiram Elvis gravou novas músicas ao lado de seu grupo (só clássicos absolutos: "Blue Suede Shoes", "Tutti Frutti" etc). Havia a sensação de se estar a frente - ou pelo menos se solidificando - uma nova revolução musical. Mas essa sensação era apenas de Elvis e dos demais músicos, Steve Sholes ainda duvidava do talento do cantor. Ele não sabia o quanto poderia durar aquele "fenômeno". No fundo Sholes temia mesmo era por seu emprego. Mas tudo se acalmou quando o disco chegou nas lojas poucos meses depois.

Elvis estava certo e o pessoal da RCA errado. O disco vendeu tanto e de forma tão rápida que ele logo chegaria ao primeiro lugar em todas as paradas: country, pop, rock e R&B. Esse disco, chamado simplesmente de "Elvis Presley" foi o primeiro disco da RCA Victor a vender mais de um milhão de cópias em menos de um mês. Tão importante ele se tornou para a história da música americana e mundial que ele é considerado um dos dez discos mais importantes da história da indústria fonográfica. Quem diria. Para citar apenas uma pessoa, John Lennon diria anos mais tarde: - "Este disco mudou minha vida!". Ao longo dos anos o disco ficou conhecido como "Rock'n'Roll 1", o primeiro e mais importante LP de Rock'n'Roll da história!

Pablo Aluísio - novembro de 2003.

sábado, 12 de agosto de 2023

Elvis Presley - Elvis no Texas

Elvis tinha que fazer um show no Texas, mas como ele morria de medo de voar, resolveu alugar um vagão inteiro de um trem para chegar em Dallas a tempo. Foi acompanhado de seu amigo Nick Adams e Gene Smith. Os caras da banda, Scotty, Bill e D.J. tiveram mais coragem e foram de avião mesmo. O show foi realizado no Cotton Bowl Stadium, com lotação esgotada de 26.500 fãs. Elvis cantou 'Heartbreak Hotel', 'Long Tall Sally', 'I Was The One', 'Blue Suede Shoes', 'I Got A Woman', 'Love Me', 'Don't Be Cruel' e 'Hound Dog'. Os mais velhos não gostaram nada do show e o principal jornal do Texas no dia seguinte se referiu a Elvis como "O Marginal do Tennessee".

O público adorou e o número de fãs cresceu tanto no Texas que nesse mesmo dia foi formado o primeiro fan club de Elvis Presley no Estado da Rosa Amarela. Dois meses antes o cantor tinha terminado as gravações de "Elvis", segundo disco da carreira de Elvis Presley. Com o sucesso alcançado pelo seu primeiro disco e pelos singles "Heartbreak Hotel / I Was the One", "I Want You, I Need You,I Love You / My Baby Left Me" e "Don't Be Cruel / Hound Dog" Elvis conseguia o feito de emplacar quatro discos consecutivos entre os dez mais, sendo considerado já a aquela altura um fenômeno não só musical mas também social pois suas apresentações polêmicas em programas de TV lhe trazia cada vez mais popularidade.

Sem dúvida 1956 foi o grande ano do Rei do Rock, o seu auge, sendo o sucesso tamanho alcançado por ele, que logo estava estreando no cinema com o filme "Love Me Tender" (ama-me com ternura, 1956) e alcançando novamente o primeiro lugar nas paradas com o single "Love Me Tender / Any Way You Want Me", além do lançamento de toda a trilha do filme num compacto duplo que foi lançado em novembro de 1956. Este era em suma tudo o que estava rolando nesta época com Elvis Presley, ou seja, ele estava no auge de sua popularidade. Assim em setembro de 1956 Elvis entrava novamente nos estúdios para "encher a lata". Sem dúvida ele foi o mais rápido "Hit Maker" da história pois gravou este LP em apenas três dias nos Studios Radio Recorders da RCA em Hollywood.

O LP foi lançado no final de 1956 alcançando o primeiro lugar nas paradas. Elvis Presley havia começado o ano como um obscuro cantor do sul dos Estados Unidos e terminou como um fenômeno de sucesso, nunca ninguém subiu tão rápido em tão pouco tempo. Fora estes dois discos, Elvis liderou as paradas mundiais também com singles de enorme sucesso. Este foi o início da carreira de um dos maiores sucessos da história do show bussines norte americano.

Single nas lojas: Lawdy, Miss Clawdy (Price) - Outro grande momento da carreira de Elvis que foi gravado no dia 3 de fevereiro de 1956 nos estúdios da RCA em Nova Iorque. Foi lançada como parte de um single com "Shake, Rattle and Roll" em Agosto de 56. Era uma das preferidas do Rei do Rock. Shake, Rattle And Roll (Calhoun) - Clássico dos anos 50 que foi imortalizada na voz de Bill Halley and the comets. Ao longo dos anos esta música foi sendo gravada por diversos outros nomes como Little Richard e os Beatles. Sem dúvida é uma das melhores interpretações do cantor e uma das mais vibrantes músicas da história do Rock.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Elvis Presley - Shake, Rattle and Roll / Lawdy, Miss Clawdy

Após o enorme sucesso do single “Hound Dog / Don´t Be Cruel”, a RCA Victor inundou o mercado americano com nada mais, nada menos, do que seis novos compactos, todos reprises, com músicas que já tinham sido lançadas no álbum Elvis Presley. Nenhum dos singles conseguiu qualquer repercussão nas paradas. De fato foi uma ideia infeliz da gravadora em saturar as lojas com material sem novidades. O único material inédito a chegar aos fãs foi o single “Shake Rattle and Roll / Lawdy Miss Clawdy” que trazia a última leva de canções inéditas das primeiras sessões de Elvis na RCA em Nova Iorque. Curioso que o público acabou se confundindo e ignorou o novo single, pensando tratar-se de relançamento como os demais compactos do pacote. Uma lástima. Além do mais a própria RCA não deu muita atenção ao compacto, não o promovendo e o pior, não teve nem a dignidade de produzir uma capa com foto para o disquinho. Com tantos erros em série, “Shake Rattle and Roll / Lawdy Miss Clawdy” afundou nas paradas, sendo completamente ignorado. É lamentável a má sorte do single pois trazia duas ótimas gravações de Elvis.

O lado A com “Shake Rattle and Roll” era a materialização de uma constante insistência dos executivos para que Elvis gravasse canções do repertório de Bill Haley. Várias músicas de Haley tinham sido oferecidas a Elvis em Nova Iorque, inclusive o mega hit “Rock Around The Clock”, mas Presley as descartou. Diante da insistência acabou registrando essa "Shake, Rattle and Roll" em estúdio, finalmente. O resultado não agradou muito Steve Sholes que a tirou na última hora do primeiro álbum de Elvis. Queria trabalhar melhor depois nela (e o fez adicionando maior consistência à gravação antes de seu lançamento em compacto). Algumas fontes afirmam inclusive que nesse trabalho posterior de melhoramento da gravação o baixista Bill Black fez uma rara participação como vocalista de apoio.

Já “Lawdy Miss Clawdy” foi injustamente jogada no lado B do single, um absurdo, pois seguramente é uma das melhores melodias que Elvis registrou em Nova Iorque. Sua interpretação também é mais do que inspirada. Lloyd Price sempre foi um ótimo compositor e Elvis, por sua vez, sempre fez excelentes versões de sua obra musical. O fracasso de vendas ensinou algumas coisas à RCA. Nunca misturar material inédito e reprises em um só pacote de discos, pois isso certamente confundiria o consumidor. Prezar por belas capas, com boa direção de arte. Capas genéricas da gravadora como a que foi usada aqui era um desastre pois não chamava a atenção dos fãs nas lojas de discos. Por último não se descuidar da promoção das músicas. O compacto“Shake Rattle and Roll / Lawdy Miss Clawdy” foi tão mal lançado que muitos até mesmo ignoraram sua existência nas lojas. Com o péssimo resultado comercial as duas faixas só teriam alguma repercussão melhor três anos depois quando a RCA as resgatou novamente, as incluindo no álbum “For LP Fans Only”, lançado quando o cantor estava na Alemanha servindo o exército americano. Reconhecimento tardio, mas bem-vindo.

Shake, Rattle and Roll (Calhoun) - (Unichappel Music, BMI) 2:37 - Data de gravação: 03 de fevereiro de 1956 - Local: RCA Studios, NY. / Lawdy Miss Clawdy (Lloyd Price) - (ATV Music Co, BMI) 2:08 - Data de gravação: 03 de fevereiro de 1956 - Local: RCA Studios, NY./ Músicos: Elvis Presley (vocais, violão), Scotty Moore (guitarra), Bill Black (baixo), D.J. Fontana (bateria), Shorty Long (piano) / Local de Gravação: RCA Studios, New York, New York /  Produção: Steve Sholes / Engenheiro de Som: Ernie Ulrich / Data de Lançamento: Agosto de 1956.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 10 de agosto de 2023

Elvis (1956) - Sessão de Gravação

Elvis (1956) - Sessão de Gravação
Para seu segundo álbum na RCA Victor, Elvis fez algumas exigências. Afinal ele agora havia se tornado o maior vendedor do selo, então tinha também seu direito de exigir determinadas coisas. Não era mais um jovem promissor apenas, havia mostrado força entre os jovens. Era bom vendedor de discos! A RCA queria levar ele de volta a Nova Iorque, como havia acontecido no primeiro álbum. Elvis não queria mais gravar em Nova Iorque. Ele não gostava da cidade para falar a verdade. Para um jovem do interior tudo aquilo lhe soava meio intimidador. Seu objetivo era gravar apenas em Nashville, perto de Memphis, onde se sentia melhor. 

A RCA tinha bons estúdios por lá, afinal Nashville era a capital da country music. Só que apertado com tantos compromissos profissionais, pois Elvis também queria começar uma carreira no cinema, as sessões foram transferidas para os estúdios da RCA conhecidos como Radio Recorders, que ficavam em West Hollywood, Califórnia. Era um estúdio moderno, muito profissional, onde a RCA gravava trilhas sonoras para filmes dos grandes estúdios de Hollywood. Era um dos melhores estúdios de gravação dos Estados Unidos. 

Elvis também pediu que novos músicos fossem contratados para trabalharem ao seu lado. Afinal não dava para contar apenas com Scotty Moore, Bill Black e DJ Fontana. Assim a RCA montou uma ótima banda de apoio a Elvis. O lendário guitarrista Chet Atkins veio para colaborar, inclusive no aprimoramento de arranjos. De certa forma ele trabalhou mais nisso do que o próprio produtor Steve Sholes, que já com uma certa idade e sem ter muito conhecimento daquele novo gênero musical que surgia, o Rock, acabou apenas administrando a sessão de gravação, mas sem interferir muito no quesito artístico e musical. 

Elvis também pediu a contratação do grupo vocal The Jordanaires formado pelos cantores Gordon Stoker, Hoyt Hawkins, Neal Matthews e Hugh Jarrett. De certa maneira eles lembravam muito daqueles antigos quartetos de gospel music que Elvis adorava desde a infância. Ele havia se encontrado várias vezes com os Jordanaires em shows pelo sul dos Estados Unidos e em um desses encontros havia prometido a eles que a RCA iria contratá-los para que viessem trabalhar em seu próximo disco. Promessa feita, promessa cumprida. 

Elvis gravou a maioria das músicas entre os dias 1 a 3 de setembro de 1956. Relativamente poucas horas de estúdio e o disco estava terminado. Elvis tinha uma capacidade de trabalho excelente, era rápido e certeiro nas gravações, o que fazia os lucros da gravadora aumentarem ainda mais. Seus discos não custavam muito caro e eram campeões de vendas. O jovem Elvis era educado, prestativo, paciente e aceitava sugestões sem ataques de estrelismos. De certa maneira era o artista ideal, aquele com que todo presidente de gravadora da época sonhava encontrar. 

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Elvis (1956) - Letras

Rip It Up (Blackwell - Marascaleo) - 'Cause it's Saturday nite and I just got paid / Fool about my money don't try to save / My heart says go, go / Have a time 'cause it's Saturday nite / And I'm feelin' fine / I'm gonna rock it up / I'm gonna rip it up / I'm gonna shake it up / I'm gonna ball it up / I'm gonna rip it up / And ball tonite / I got a date and I won't be late / Pick her up in my '88' / Shag it on down to the union hall / When the music starts jumpin' / I'll have a ball / I'm gonna rock it up / I'm gonna shake it up / I'm gonna rip it up / I'm gonna ball it up / I'm gonna rip it up / And ball tonite / Along about 10 I'll be flying high / Rocking on out into the sky / I don't care if I spend my gold / 'Cause tonite I'm gonna be one happy soul / I'm gonna rock it up / I'm gonna rip it up / I'm gonna shake it up / I'm gonna ball it up / I'm gonna rip it up / And ball tonite / 'Cause it's Saturday nite and I just got paid / Fool about my money don't try to save / My heart says go, go / Have a time 'cause it's Saturday nite / And I'm feelin' fine / I'm gonna rock it up / I'm gonna rip it up / I'm gonna shake it up / I'm gonna ball it up / I'm gonna rip it up / And ball tonite / (BMI) 1:56 - Data de gravação: 03 de setembro de 1956 - Local: Radio Recorders - Hollywood.

Love Me (Jerry Leiber - Mike Stoller) - Treat me like a fool, / Treat me mean and cruel, / But love me / Wring my faithful heart, / Tear it all apart, / But love me / If you ever go, / Darling, I'll be oh so lonely / I'll be sad and blue, / Crying over you, dear only / I would beg and steal / Just to feel your heart / Beatin' close to mine / Well, if you ever go, / Darling, I'll be oh so lonely / I'll be sad and blue, / Crying over you, dear only / I would beg and steal / Just to feel your heart / Beatin' close to mine / Well, if you ever go, / Darling, I'll be oh so lonely / Beggin' on knees, / All I ask is please, please love me / Oh yeah / (ASCAP) 2:43 - Data de gravação: 1º de setembro de 1956 - Local: Radio Recorders - Hollywood.

When My Blue Moon Turns to Gold Again (Walker - Sullivan) - When my blue moon turns to gold again / When my rainbow turns the clouds away / When my blue moon turns to gold again / You'll be back within my arms to stay / When the memories that linger in our hearts / Memories that make my heart cold / However some day they'll live again sweetheart / And my blue moon again will turn to gold / When my blue moon turns to gold again / When my rainbow turns the clouds away / When my blue moon turns to gold again / You'll be back within my arms to stay / When the memories that linger in our hearts / Memories that make my heart cold / However some day they'll live again sweetheart / And my blue moon again will turn to gold / When my blue moon turns to gold again / When my rainbow turns the clouds away / When my blue moon turns to gold again / You'll be back within my arms to stay / (BMI) 2:20 - Data de gravação: 2 de setembro de 1956 - Local: Radio Recorders - Hollywood.

Long Tall Sally (Johnson - Penniman - Blackwell) - Gonna tell Aunt Mary 'bout Uncle John / He says he has the blues but / He has a lotta fun / Oh baby, yes baby, whoo-oo-oo-oo baby / Havin' some fun tonight yeah well / Long tall Sally has a lot on the ball / And nobody cares if she's long and tall / Oh baby, yes baby, whoo-oo-oo-oo baby, / I'm having me some fun tonight / Well, I saw uncle John / With long tall Sally / He saw Aunt Mary comin' / And he ducked back in the alley / Oh baby, yes baby, whoo-oo-oo-oo baby / I'm havin' some fun tonight / Long tall Sally has a lot on the ball / And nobody cares if she's long and tall / Oh baby, yes baby, whoo-oo-oo-oo baby, / I'm having me some fun tonight / Well, I saw uncle John / With long tall Sally / He saw Aunt Mary comin' / And he ducked back in the alley / Oh baby, yes baby, whoo-oo-oo-oo baby / I'm havin' some fun tonight / We've gonna have some fun tonight / Gonna have some fun tonight / We're gonna have some fun tonight / Everything will be all right / We're gonna have some fun / Gonna have some fun tonight / (BMI) 1:51 - Data de gravação: 2 de setembro de 1956 - Local: Radio Recorders - Hollywood.

First In Line (Schroeder - Weisman) When they gave out eyes like diamonds / That would shame the stars that shine / My darlin' my darlin' / You were the first in line / When they gave out lips like honey / That hold a new thrill every time / My darlin' my darlin' / You were the first in line / There may be others / that know you longer / Who pledge their hearts to you / But there's no other / could love you stronger / Any stronger than I do / Don't refuse me, say you'll choose me / My darlin' say I'm your darlin' / The first, and the last in line / There may be others / that know you longer / Who pledge their hearts to you / But there's no other / could love you stronger / Any stronger than I do / Don't refuse me, say you'll choose me / My darlin' say I'm your darlin' / The first, and the last in line / (ASCAP) 3:22 - Data de gravação: 3 de setembro de 1956 - Local: Radio Recorders - Hollywood.

Paralyzed (Otis Blackwell - Elvis Presley) - When you looked into my eyes / I stood there like I was hyp-notised / You sent a feeling to my spine / A feeling warm and smooth and fine / But all I could do were stand there paralyzed / When we kissed, ooh what a thrill / You took my hand and, ooh baby, what a chill / I felt like grabbin' you real tight / Squeeze and squeeze with all my might / But all I could do were stand there paralyzed / Oh yeah lucky me, I'm singing every day, ohhhh! / Ever since that day you came my way, ohhhh! / You made my life for me just one big happy game / I'm gay ev'ry morning / At night I'm still the same / Do you remember that wonderful time / You held my hand and swore that you'll be mine / In front of preacher you said / I do I couldn't say a word for thinking of you / All I could do was stand there paralyzed / Oh yeah lucky me, I'm singing every day, ohhhh! / Ever since that day you came my way, ohhhh! / You made my life for me just one big happy game / I'm gay ev'ry morning / At night I'm still the same / Do you remember that wonderful time / You held my hand and swore that you'll be mine / In front of preacher you said / I do I couldn't say a word for thinking of you / All I could do was stand there paralyzed / All I could do was stand there paralyzed / (BMI) 2:23 - Data de gravação: 2 de setembro de 1956 - Local: Radio Recorders - Hollywood.

So Glad You're Mine (Arthur Crudup) My baby's long and tall, / She's like a cannonball. / Say, everytime she loves me, / Lordly, you can hear me squall. / She cried, Ooo-wee. / I believe I'll change my mind. / She said, I'm so glad I'm living. / I cried, I'm so glad you're mine / My baby knows just how / To treat me right. / Gives me plenty loving / Morning, noon, and night. / She cried, Ooo-wee. / I believe I'll change my mind. / She said, I'm so glad I'm living. / I cried, I'm so glad you're mine. / When my baby does what she does to me, / I climb the highest mountain, / Dive in the deepest sea. / She cried, Ooo-wee. / I believe I'll change my mind. / She said, I'm so glad I'm living / I cried, I'm so glad you're mine / My baby's lips are red / And sweet like wine, / And when she kisses me, / I get high every time. / She cried, Oo-wee. / I believe I'll change my mind. / She said, I'm so glad I'm living / I cried, I'm so glad you're mine / (BMI) 2:20 - Data de gravação: 30 de janeiro de 1956 - Local: RCA Studios, Nova Iorque.

Old Shep (Foley - Westpar) - When I was a lad / And old Shep was a pup / Over hills and meadows we'd stray / Just a boy and his dog / We were both full of fun / We grew up together that way / I remember the time at the old swimmin' hold / When I would have drowned beyond doubt / But old Shep was right there / To the rescue he came / He jumped in and then pulled me out / As the years fast did roll / Old Shep he grew old / His eyes were fast growing dim / And one day the doctor looked at me and said / I can do no more for him Jim / With hands that were trembling / I picked up my gun / And aimed it at Shep's faithful head / I just couldn't do it / I wanted to run / I wish they would shoot me instead / He came to my side / And looked up at me / And laid his old head on my knee / I had struck the best friend that a man ever had / I cried so I scarcely could see / Old Shep he has gone / Where the good doggies go / And no more with old Shep will I roam / But if dogs have a heaven / There's one thing I know / Old Shep has a wonderful home / (BMI) 4:10 - Data de gravação: 2 de setembro de 1956 - Local: Radio Recorders - Hollywood.

Ready Teddy (Blackwell - Marascaleo) - Ready set go man go / I got a gal that I love so / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / Rea-dy rea-dy rea-dy to / Rock'n'roll / Going down to the corner / Pick up my sweetie pie / She's my rock'n'roll baby / She's the apple of my eye, 'cause / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / Rea-dy rea-dy rea-dy to / Rock'n'roll / Flat top cats and the dungaree dolls / Are headed for the gym to the sock hop ball / The joint is really jumping / The cats are going wild / The music really sends me / I dig that crazy style 'cause / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / Rea-dy rea-dy rea-dy to / Rock'n'roll / Flat top cats and the dungaree dolls / Are headed for the gym to the sock hop ball / The joint is really jumping / The cats are going wild / The music really sends me / I dig that crazy style 'cause / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / Rea-dy rea-dy rea-dy to / Rock'n'roll / Gonna kick off my shoes / Roll up my faded jeans / Grab my rock'n'roll baby / Pour on the steam / I shuffle to the left / I shuffle to the right / I'm gonna rock'n'roll / Till the early early night 'cause / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / Rea-dy rea-dy rea-dy to / Rock'n'roll / (IBM) 1:56 - Data de gravação: 3 de setembro de 1956 - Local: Radio Recorders - Hollywood.

Anyplace is Paradise (Thomas) - Whether you're riding down a highway / Or walkin' down a street / It makes no difference baby / I'm gonna love you just as mean / 'Cause holdin' your little hand / Makes me feel so very nice / Anyplace is paradise / When I'm with you / Whether we're standin' on a doorstep / Or sittin' at a park / Or strollin' down shady lane / Or dancin' in the dark / Well I can take you in my arms / And look into your pretty eyes / Anyplace is paradise / When I'm with you / Give me a cave up in the mountain / Or a shack down by the sea / And I will be in heaven honey / If you are there with me / Well kiss your pretty lips / See the love-light in your eyes / Anyplace is paradise / When I'm with you / Baby I'd live deep in the jungle / And sleep up in a tree / And let the rest of the world go be / If you were there with me / Well I could love you all the time / Baby, a jungle would be fine / Anyplace is paradise / When I'm with you / (ASCAP) 2:26 - Data de gravação: 2 de setembro de 1956 - Local: Radio Recorders - Hollywood.

How's The World Treating You? (Atkins - Bryant) - I've had nothing but sorrow / Since you said we were through / There's no hope for tomorrow / How's the world treating you? / Every sweet thing that mattered / Has been broken in two / All my dreams have been shattered / How's the world treating you? / Got no plans for next Sunday / Got no plans for today / Every day is blue Monday / Every day you're away / Every sweet thing that mattered / Has been broken in two / And I'm asking you darling / How's the world treating you? / (ASCAP) 2:23 - Data de gravação: 1º de setembro de 1956 - Local: Radio Recorders - Hollywood.

How do You Think I Feel (Walker - Pierce) - How do you think I feel? / I know your love's not real / The girl I'm mad about is just a gadabout / How do you think I feel? / How do you think we stand? / I know you've made your plan / But you've included free / And that's too much for me / How do you think I feel? / I won't be true again / I know that I can't win / So why should I pretend / That you still love me? / How do you think I feel? / I know your love's not real / The girl I'm mad about is just a gadabout / How do you think I feel? / How do you think I feel? / I know your love's not real / The girl I'm mad about is just a gadabout / How do you think I feel? / How do you think we stand? / I know you've made your plan / But you've included free / And that's too much for me / How do you think I feel? / I won't be true again / I know that I can't win / So why should I pretend / That you still love me? / How do you think I feel? / I know your love's not real / But you've included free / And that's too much for me / How do you think I feel? / (BMI) 2:10 - Data de gravação: 1º de setembro de 1956 - Local: Radio Recorders - Hollywood.

terça-feira, 8 de agosto de 2023

Elvis (1956) - FTD Elvis

Elvis Presley - Elvis (1956) - FTD Elvis 
O selo FTD (Follow That Dream) vem lançando edições especiais dos álbuns da discografia oficial de Elvis Presley entre os anos de 1956 a 1977. Esses CDs são lançados com muito material inédito como takes alternativos, versões não lançadas, ensaios, etc. O problema no caso do álbum Elvis de 1956 é que praticamente nada resistiu ao tempo. A sessão perdeu-se, não se sabe se foi destruída, jogada fora ou perdida. A RCA não conseguiu preservar esse material e essa situação se reflete nesse FTD. Tirando as versões oficiais do disco que todos possuem, não há praticamente nada de extra ou sobras de estúdio no repertório. Apenas alguns takes da música "Rip it Up" sobreviveram. O resto, ao que tudo indica, foi soterrado e perdido para sempre nas areias do tempo. 

O selo inclusive quase desistiu desse titulo, justamente pela ausência de material. Só mudaram de ideia quando encontraram alguns registros feitos ao vivo por Elvis em dezembro de 1956. Foi um show que Elvis realizou na cidade de Shreveport. Nada muito espetacular, mas pelo menos nessa apresentação Elvis resolveu incluir várias faixas do álbum em seu concerto. São justamente essas que estão nessa seleção. Ele estava obviamente promovendo seu novo disco que chegava nas lojas naquele momento. Vale então como registro histórico. Então é isso. Pobre em naterial inédito, que no final das contas nem existe mais, esse título do FTD se resume a cobrir eventuais buracos que iriam existir na coleção, caso ele não fosse lançado. 

Elvis Presley - Elvis (1956) - FTD Elvis 

CD-1: Masters and outtakes
Rip It Up
Love Me
When My Blue Moon Turns To Gold Again
Long Tall Sally
First In Line
Paralyzed
So Glad You're Mine
Old Shep
Ready Teddy
Anyplace Is Paradise
How's The World Treating You
How Do You Think I Feel
Playing For Keeps
Too Much
Don't Be Cruel
Hound Dog
Any Way You Want Me
Rip It Up (10, 11, 12, 13, 14) [Today, Tomorrow...]
Rip It Up (15) [Platinum]
Rip It Up (16) [Flashback]
Rip It Up (17*) (2.06)
Rip It Up (18*, 19 [M]) (3.53)
Old Shep (5)

CD-2: Shreveport, December 15 1956
Heartbreak Hotel
Long Tall Sally
I Was The One
Love Me Tender
Don't Be Cruel
Love Me
I Got A Woman
When My Blue Moon Turns To Gold Again
Paralyzed

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Elvis (1956) - Discografia Americana

Discografia Americana - Elvis (1956)
Em relação a esse LP temos algumas curiosidades. A primeira e mais visível é que a RCA Victor não extraiu nenhum single de sua seleção de músicas. Isso significava acima de tudo que a gravadora estava começando a encarar os álbuns de uma maneira completamente diferente. Não é demais lembrar que nos anos 50 a principal fonte de renda de artistas e selos era proveniente da venda dos singles, compactos simples, com apenas duas músicas. O sucesso de um cantor era medido pelo número de compactos vendidos e pela posição que esses singles alcançavam nas paradas, em especial a da revista Billboard. 

Os álbuns com 10 a 12 faixas e maior duração eram mais usados para grandes concertos de música clássica e óperas. Trilhas sonoras com orquestras também encontravam nesse formato seu espaço ideal. Para o country, blues e a música pop, incluindo o rock, as gravadoras apostavam mais nos singles. A partir de Elvis as coisas começaram a mudar. Com isso houve uma clara mudança de estratégia dentro das grandes gravadoras americanas. A RCA Victor começava a entender o potencial dos álbuns de música popular dentro do mercado. 

ELVIS (1956)
RIP IT UP
LOVE ME
WHEN MY BLUE MOON TURNS TO GOLD AGAIN
LONG TALL SALLY
FIRST IN LINE
PARALYZED
SO GLAD, YOU'RE MINE
OLD SHEP
READY TEDDY
ANYPLACE IS PARADISE
HOW'S THE WORLD TREATING YOU
HOW DO YOU THINK I FEEL


Compactos Duplos: 
Se não houve interesse no lançamento de singles, a RCA Victor decidiu apostar no lançamento de EPs, compactos duplos com quatro músicas cada um. Os dois primeiros a chegarem no mercado foram chamados simplesmente de Elvis vol 1 e Elvis vol 2. Nenhuma novidade nas faixas, todas iguais ao álbum oficial e na capa. Curiosamente usaram a mesma foto do LP. Já para o terceiro EP havia novidades interessantes. A RCA escolheu uma foto inédita, com Elvis cantando de frente na clássica posição de "canto para a lua" como era chamada na época. 

Essa segunda capa quase virou a do disco original, só que os executivos da gravadora decidiram que a tirada de perfil era mais bonita. O terceiro EP (Extended Play) também ganhou um nome mais original, chamado de "Strictly Elvis" (Estritamente Elvis, em português). Na época era comum os EPs virem com artistas diferentes, como se fosse uma pequena seleção de hits das rádios. Com esse título a RCA deixava claro para os consumidores que nesse lançamento haveria apenas músicas com Elvis e nenhum outro artista.

Elvis vol 1: Rip it Up / Love me / When my blue Moon Turns to Gold Again / Paralyzed

Elvis vol 2: So Glad You're Mine / Old Sheep / Ready Teddy / Anyplace is Paradise

Strictly Elvis
Long Tall Sally
First in Line
How do you Think I fell
How's The World Treating You

Nota: Esse foi o último lançamento dessa coleção Elvis (1956). Só foi lançado uma única vez, sumindo do catálogo após pouco tempo. Algo esperado, uma vez que só trazia reprises do disco original. 

Ficha Técnica: 
Elvis Presley (vocal, violão e piano) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Gordon Stoker (piano) / The Jordanaires (acompanhamento vocal) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Elvis Presley e Steve Sholes / Gravado no Radio Recorders - Hollywood / Data de Gravação: 01 a 03 de setembro de 1956. 


Pablo Aluísio.

domingo, 6 de agosto de 2023

Elvis Presley - Elvis (1956)

O segundo disco de Elvis na RCA Victor foi bem mais produzido do que o primeiro. A gravadora ganhou confiança com o trabalho do cantor que já naquela altura havia se tornado o artista mais vendido do selo. Para alguém com vinte e poucos anos era um feito e tanto! Assim o produtor Steve Sholes trouxe para o estúdio mais músicos, mais instrumentos, tudo para melhorar o som do novo álbum. Em 1956 o principal veículo de promoção de Elvis não foi o cinema (seu primeiro filme ainda nem tinha sido filmado), mas sim a televisão e seus programas de variedades. Bastaram as primeiras apresentações de Elvis na TV para que a polêmica tomasse conta da imprensa.

Falem mal de mim, mas falem de mim - diria o Coronel Parker. Claro, grande parte dos artigos eram críticas ferozes a forma como Elvis cantava e dançava. Para muitos aquilo era sexualizado demais, impróprio para as adolescentes que começavam a curtir Elvis. Hoje em dia a dança de Elvis nesses primeiros programas de televisão aparentam ser apenas giros bem originais de um artista que tentava de alguma forma chamar a atenção para sua música. A cabeça das pessoas dos anos 50 era mesmo bem diferente da nossa. Ecos de um mundo mais conservador e tradicional.

De qualquer forma para Elvis e seu grupo de músicos o importante era fazer um bom trabalho de estúdio. As primeiras músicas do novo disco foram gravadas nos estúdios da RCA na costa oeste. Era o Radio Recorders, localizado em West Hollywood, Califórnia. A primeiro canção não poderia ser mais simbólica, a bela balada "Love Me" de Leiber e Stoller. Nesse mesmo dia Elvis já havia gravado "Playing for Keeps" que seria lançada em single. Para "Love Me" foram necessários 9 takes para que Elvis se desse por satisfeito. O curioso é que anos depois Jerry Leiber explicaria que havia composto a música quase como uma sátira ao estilo country de Nashville. Elvis ignorou essa intenção original do compositor e fez uma grande gravação, uma das melhores e mais memoráveis faixas dessa fase de sua carreira.

Esse segundo álbum de Elvis Presley na RCA Victor foi muito bem gravado. Havia todo um cuidado técnico, até porque Elvis já era naquela altura o maior vendedor de discos da gravadora multinacional. Com isso Elvis também se firmava como o roqueiro número 1 do mundo, um fenômeno de popularidade sem precedentes. Nesse mesmo ano ele começava a ser conhecido pelo mundo afora. Deixava de ser um artista de Memphis e do sul, para ser um artista internacional. Também foi o primeiro disco oficial de Elvis a ser lançado no Brasil, numa edição completamente fiel ao disco americano original.

O apuro técnico dentro do estúdio se refletiu principalmente em faixas como "Rip It Up". Hoje em dia essa composição da excelente dupla formada por Robert Blackwell e John Marascalco é considerada um dos maiores clássicos da história do rock. Uma canção vibrante, que contou com uma performance irretocável por parte de Elvis, que é importante frisar, não passava de um jovem cantor de 21 anos de idade na época. Tão jovem e já tão revolucionário em termos musicais.

O country também não poderia ficar de fora. Afinal Elvis não negava suas origens sulistas. "When My Blue Moon Turns to Gold Again" era uma típica representante do estilo mais rural dentro do álbum. Essa música havia sido composta pelo cantor cowboy Gene Sullivan. Elvis que não queria perder sua público mais fiel, aquele que o acompanhava desde os primeiros shows em Memphis, a escolheu como uma espécie de homenagem a esse tipo de fã. Sim, Elvis abraçava o rock, mas não estava disposto a virar o rosto para o country and western de seus primeiros anos. Assim temos uma boa faixa, bem gravada, com Elvis evocando o antigo estilo de cantar do country de Nashville.

De Arthur Crudup, Elvis trouxe para o álbum a balada blues "So Glad, You're Mine". Para a turma de Nova Iorque, da equipe da RCA Victor na cidade, aquele tipo de sonoridade soava como algo diferente, até mesmo novo. Só que na verdade era uma velha canção, muito popular em bares e espeluncas de Memphis. Não que Elvis a conhecesse desses lugares do tipo barra pesada, mais voltada para o público negro da cidade, mas sim do rádio. Esse aparelho era o principal meio de entretenimento da família Presley, sempre ligado ao fundo. Assim Elvis a conhecia muito bem, por isso também resolveu gravar sua própria versão que ficou excelente, melhor do que qualquer outra já feita, antes ou depois desse disco.

Uma das músicas preferidas de Elvis nesse disco era a balada sentimental "Old Shep" de Red Foley. Elvis a cantava desde quando era um garotinho em Memphis. Inclusive essa foi a primeira música que Elvis cantou em um palco na sua vida, quando ainda era bem jovem e participava de um programa de calouros numa feira de gado, típico evento popular em sua cidade.

Outro fato que chama a atenção nessa faixa é que ele tem mais de 4 minutos de duração, o que fugia do padrão da época. As músicas geralmente tinha apenas dois minutos ou um pouco acima disso. Era uma duração ideal para tocar nas rádios. Além do mais a gravação ficou com uma sonoridade que lembrava em muito seus anos na Sun Records. Teria sido algo proposital? Não sabemos ao certo.

"First In Line" era outra balada romântica. Essa, ao contrário de "Old Shep", não tinha ligação com o passado de Elvis. Na realidade era uma boa criação da "fábrica" de criação da RCA Victor. A companhia, como se sabe, mantinha equipes de compositores prontos para criarem qualquer música, sempre que a gravadora solicitasse. Essa faixa foi composta pela dupla Aaron Schroeder e Ben Weisman. Eles se tornariam bem presentes nas trilhas sonoras de Elvis nos anos 60. Weisman, por exemplo, compôs muitas das canções dos filmes de Elvis em Hollywood. Segundo alguns dados chegou a escrever mais de 50 músicas para Presley! Um número bastante significativo.

O produtor e guitarrista Chet Atkins também trouxe sua contribuição para o disco. No estúdio ele apresentou a Elvis a canção "How's The World Treating You". Ele tinha composto a faixa ao lado do parceiro e amigo de Nashville Boudleaux Bryant. Elvis ouviu a música e não demorou muito a se convencer a gravá-la. Foi até curiosa essa escolha, pois nesse momento de sua carreira Elvis se firmava com a imagem de um roqueiro rebelde, um "James Dean de guitarra" como chegou a escrever um jornalista influente de Nova Iorque. Então mais uma balada chorosa contrastava com essa imagem. Porém para quem o conhecia mais de perto não havia surpresa alguma. Elvis era mesmo esse artista com coração, que sempre apreciava esse tipo de som mais sentimental.

Elvis não colocava muita fé em sua carreira em seus anos iniciais. Quando um repórter perguntou a ele o que estaria fazendo dali a dez anos, Elvis pensou um pouco e respondei: "Não sei! Acho que vou abrir uma loja de carros usados ou algo assim". Diante da resposta incomum o jornalista quis saber se Elvis não se via cantando no futuro ao que ele deixou a entender que não pois "cantores surgem e somem com rapidez".

De qualquer maneira naquele distante ano de 1956 Elvis vivia um dos melhores momentos de sua vida pessoal e artística. Sua mãe Gladys estava viva, ele curtia a onda de sucesso de seus discos e tinha assinado como uma grande gravadora, a RCA Victor. O que poderia estar faltando? Basicamente nada. Era só questão de gravar bons discos e seguir em frente com o mesmo sucesso.

Nesse momento ele também recebeu o título de "Rei do Rock". O curioso é que Elvis não gostava de ser chamado de Rei. Para ele apenas Jesus Cristo poderia ser chamado de Rei, no caso de "Rei dos Reis", conforme o título de um filme épico de sucesso da época. Aproveitando de toda a onda dessa nova música a RCA por sua vez queria que Elvis gravasse cada vez mais rocks, um atrás do outro, pois era esse tipo de gravação que andava vendendo muito por todo o país. Elvis cedeu e gravou "Ready Teddy", um rock visceral composto pela dupla Robert Blackwell e John Marascalco. A música era dinamite pura e Elvis foi encorajado para apresentá-la ao vivo em sua apresentação na TV. A performance do jovem roqueiro com cabelo cheio de brilhantina causou grande comoção em todo o país. Os mais velhos odiaram. Os mais jovens amaram. No meio de toda a polêmica que se seguiu Elvis ficou ainda mais famoso.

"Long Tall Sally" foi outro rock de raiz gravado por Elvis nesse LP.  Era uma original de Little Richard, que anos depois disse estar honrado de ter ouvido uma de suas músicas gravadas pelo garoto de Memphis. Era algo especial. Isso também colocava por terra aquela velha narrativa de que Elvis seria um ladrão da cultura negra. Um branco bonitão que colocou as mãos nas músicas compostas pelos primeiros roqueiros negros e depois ficou rico e famoso com elas. Na verdade o próprio Richard desmentiria isso, dizendo que o fato de Elvis ter gravado sua música o teria lhe ajudado muito naqueles tempos pioneiros. Era um ato de colaboração, ajuda e amizade e não de exploração como muitos quiseram fazer crer anos depois.

Na primeira vez que escrevi sobre "How Do You Think I Feel" eu afirmei que essa música tinha claros contornos latinos em sua harmonia. Há algum tempo li que seu autor, Webb Pierce, estava em férias no México quando a compôs. Assim tudo fica devidamente explicado. Quando o disco foi lançado originalmente em 1956 ninguém deu muita atenção para essa faixa. Nenhum crítico perdeu seu tempo em analisá-la devidamente, até porque o álbum já tinha tantos clássicos do rock para chamar a atenção.

Ficar na sombra foi uma vocação natural para essa gravação. De minha parte gosto de sua sonoridade. O arranjo é simples, nada parecido com o que se ouviria anos depois em trilhas sonoras como "Fun in Acapulco" (O Seresteiro de Acapulco de 1963), mas mantinha um arranjo agradável aos ouvidos. Também acabou se tornando uma música exclusiva de estúdio, nunca cantada por Elvis nos palcos.

O compositor Joe Thomas criou a ótima "Anyplace is Paradise". Essa faixa poderia ter sido melhor trabalhada pela RCA Victor pois em minha visão tinha muito potencial para se tornar um hit nos anos 50. Só que a gravadora de Elvis não pensou dessa forma e a música foi relegada a ser um autêntico "Lado B" da discografia do cantor. Isso porém não a desmereceu em nada. O grupo de Elvis aqui se destaca, em especial o guitarrista Scotty Moore, que teve uma excelente oportunidade para desfilar seu repertório de solos. Outro destaque é o piano de Marvin Hughes. Nos tempos da Sun Records não havia piano nas gravações. Quando Elvis foi para a RCA Victor o produtor Steve Sholes determinou que uma banda completa iria ficar à disposição de Elvis. Isso trouxe um conjunto de belos arranjos para seus discos. Ficou muito bom, mais encorpado, mais bem trabalhado.

Certa vez, durante uma entrevista, Raul Seixas citou "Paralyzed" como uma de suas músicas preferidas de Elvis. O roqueiro brasileiro entendia mesmo da discografia de seu ídolo, pois só quem era familiarizado muito bem com seus discos dos anos 50 poderia citar essa faixa com tamanha convicção. O que podemos ainda dizer sobre essa canção? È uma das letras mais maliciosas de Elvis, isso numa época em que estavam pegando em seu pé por causa de seus rebolados na TV. Ela foi gravada nos estúdios logo depois da baladona "Old Shep". Depois de todo aquele drama nostálgico Elvis procurou por algo mais relaxante, para deixar o stress de lado. E a música serviu perfeitamente aos seus propósitos. O Elvis que ouvimos aqui parece completamente à vontade para cantá-la.

Pablo Aluísio.

sábado, 5 de agosto de 2023

Elvis Presley - Elvis (1956) - Parte 5

Na primeira vez que escrevi sobre "How Do You Think I Feel" eu afirmei que essa música tinha claros contornos latinos em sua harmonia. Há algum tempo li que seu autor, Webb Pierce, estava em férias no México quando a compôs. Assim tudo fica devidamente explicado. Quando o disco foi lançado originalmente em 1956 ninguém deu muita atenção para essa faixa. Nenhum crítico perdeu seu tempo em analisá-la devidamente, até porque o álbum já tinha tantos clássicos do rock para chamar a atenção.

Ficar na sombra foi uma vocação natural para essa gravação. De minha parte gosto de sua sonoridade. O arranjo é simples, nada parecido com o que se ouviria anos depois em trilhas sonoras como "Fun in Acapulco" (O Seresteiro de Acapulco de 1963), mas mantinha um arranjo agradável aos ouvidos. Também acabou se tornando uma música exclusiva de estúdio, nunca cantada por Elvis nos palcos.

O compositor Joe Thomas criou a ótima "Anyplace is Paradise". Essa faixa poderia ter sido melhor trabalhada pela RCA Victor pois em minha visão tinha muito potencial para se tornar um hit nos anos 50. Só que a gravadora de Elvis não pensou dessa forma e a música foi relegada a ser um autêntico "Lado B" da discografia do cantor. Isso porém não a desmereceu em nada. O grupo de Elvis aqui se destaca, em especial o guitarrista Scotty Moore, que teve uma excelente oportunidade para desfilar seu repertório de solos. Outro destaque é o piano de Marvin Hughes. Nos tempos da Sun Records não havia piano nas gravações. Quando Elvis foi para a RCA Victor o produtor Steve Sholes determinou que uma banda completa iria ficar à disposição de Elvis. Isso trouxe um conjunto de belos arranjos para seus discos. Ficou muito bom, mais encorpado, mais bem trabalhado.

Certa vez, durante uma entrevista, Raul Seixas citou "Paralyzed" como uma de suas músicas preferidas de Elvis. O roqueiro brasileiro entendia mesmo da discografia de seu ídolo, pois só quem era familiarizado muito bem com seus discos dos anos 50 poderia citar essa faixa com tamanha convicção. O que podemos ainda dizer sobre essa canção? È uma das letras mais maliciosas de Elvis, isso numa época em que estavam pegando em seu pé por causa de seus rebolados na TV. Ela foi gravada nos estúdios logo depois da baladona "Old Shep". Depois de todo aquele drama nostálgico Elvis procurou por algo mais relaxante, para deixar o stress de lado. E a música serviu perfeitamente aos seus propósitos. O Elvis que ouvimos aqui parece completamente à vontade para cantá-la.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Elvis Presley - Elvis (1956) - Parte 4

Elvis não colocava muita fé em sua carreira em seus anos iniciais. Quando um repórter perguntou a ele o que estaria fazendo dali a dez anos, Elvis pensou um pouco e respondei: "Não sei! Acho que vou abrir uma loja de carros usados ou algo assim". Diante da resposta incomum o jornalista quis saber se Elvis não se via cantando no futuro ao que ele deixou a entender que não pois "cantores surgem e somem com rapidez".

De qualquer maneira naquele distante ano de 1956 Elvis vivia um dos melhores momentos de sua vida pessoal e artística. Sua mãe Gladys estava viva, ele curtia a onda de sucesso de seus discos e tinha assinado como uma grande gravadora, a RCA Victor. O que poderia estar faltando? Basicamente nada. Era só questão de gravar bons discos e seguir em frente com o mesmo sucesso.

Nesse momento ele também recebeu o título de "Rei do Rock". O curioso é que Elvis não gostava de ser chamado de Rei. Para ele apenas Jesus Cristo poderia ser chamado de Rei, no caso de "Rei dos Reis", conforme o título de um filme épico de sucesso da época. Aproveitando de toda a onda dessa nova música a RCA por sua vez queria que Elvis gravasse cada vez mais rocks, um atrás do outro, pois era esse tipo de gravação que andava vendendo muito por todo o país. Elvis cedeu e gravou "Ready Teddy", um rock visceral composto pela dupla Robert Blackwell e John Marascalco. A música era dinamite pura e Elvis foi encorajado para apresentá-la ao vivo em sua apresentação na TV. A performance do jovem roqueiro com cabelo cheio de brilhantina causou grande comoção em todo o país. Os mais velhos odiaram. Os mais jovens amaram. No meio de toda a polêmica que se seguiu Elvis ficou ainda mais famoso.

"Long Tall Sally" foi outro rock de raiz gravado por Elvis nesse LP.  Era uma original de Little Richard, que anos depois disse estar honrado de ter ouvido uma de suas músicas gravadas pelo garoto de Memphis. Era algo especial. Isso também colocava por terra aquela velha narrativa de que Elvis seria um ladrão da cultura negra. Um branco bonitão que colocou as mãos nas músicas compostas pelos primeiros roqueiros negros e depois ficou rico e famoso com elas. Na verdade o próprio Richard desmentiria isso, dizendo que o fato de Elvis ter gravado sua música o teria lhe ajudado muito naqueles tempos pioneiros. Era um ato de colaboração, ajuda e amizade e não de exploração como muitos quiseram fazer crer anos depois.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Elvis Presley - Elvis (1956) - Parte 3

Uma das músicas preferidas de Elvis nesse disco era a balada sentimental "Old Shep" de Red Foley. Elvis a cantava desde quando era um garotinho em Memphis. Inclusive essa foi a primeira música que Elvis cantou em um palco na sua vida, quando ainda era bem jovem e participava de um programa de calouros numa feira de gado, típico evento popular em sua cidade.

Outro fato que chama a atenção nessa faixa é que ele tem mais de 4 minutos de duração, o que fugia do padrão da época. As músicas geralmente tinham apenas dois minutos ou um pouco acima disso. Era uma duração ideal para tocar nas rádios. Além do mais a gravação ficou com uma sonoridade que lembrava em muito seus anos na Sun Records. Teria sido algo proposital? Não sabemos ao certo.

"First In Line" era outra balada romântica. Essa, ao contrário de "Old Shep", não tinha ligação com o passado de Elvis. Na realidade era uma boa produção da "fábrica" de criação da RCA Victor. A companhia, como se sabe, mantinha equipes de compositores prontos para criarem qualquer música, sempre que a gravadora solicitasse. Essa faixa foi composta pela dupla Aaron Schroeder e Ben Weisman. Eles se tornariam bem presentes nas trilhas sonoras de Elvis nos anos 60. Weisman, por exemplo, compôs muitas das canções dos filmes de Elvis em Hollywood. Segundo alguns dados chegou a escrever mais de 50 músicas para Presley! Um número bastante significativo.

O produtor e guitarrista Chet Atkins também trouxe sua contribuição para o disco. No estúdio ele apresentou a Elvis a canção "How's The World Treating You". Ele tinha composto a faixa ao lado do parceiro e amigo de Nashville Boudleaux Bryant. Elvis ouviu a música e não demorou muito a se convencer a gravá-la. Foi até curiosa essa escolha, pois nesse momento de sua carreira Elvis se firmava com a imagem de um roqueiro rebelde, um "James Dean de guitarra" como chegou a escrever um jornalista influente de Nova Iorque. Então mais uma balada chorosa contrastava com essa imagem. Porém para quem o conhecia mais de perto não havia surpresa alguma. Elvis era mesmo esse artista com coração, que sempre apreciava esse tipo de som mais sentimental.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Elvis Presley - Elvis (1956) - Parte 2

Esse segundo álbum de Elvis Presley na RCA Victor foi muito bem gravado. Havia todo um cuidado técnico, até porque Elvis já era naquela altura o maior vendedor de discos da gravadora multinacional. Com isso Elvis também se firmava como o roqueiro número 1 do mundo, um fenômeno de popularidade sem precedentes. Nesse mesmo ano ele começava a ser conhecido pelo mundo afora. Deixava de ser um artista de Memphis e do sul, para ser um artista internacional. Também foi o primeiro disco oficial de Elvis a ser lançado no Brasil, numa edição completamente fiel ao disco americano original.

O apuro técnico dentro do estúdio se refletiu principalmente em faixas como "Rip It Up". Hoje em dia essa composição da excelente dupla formada por Robert Blackwell e John Marascalco é considerada um dos maiores clássicos da história do rock. Uma canção vibrante, que contou com uma performance irretocável por parte de Elvis, que é importante frisar, não passava de um jovem cantor de 21 anos de idade na época. Tão jovem e já tão revolucionário em termos musicais.

O country também não poderia ficar de fora. Afinal Elvis não negava suas origens sulistas. "When My Blue Moon Turns to Gold Again" era uma típica representante do estilo mais rural dentro do álbum. Essa música havia sido composta pelo cantor cowboy Gene Sullivan. Elvis que não queria perder sua público mais fiel, aquele que o acompanhava desde os primeiros shows em Memphis, a escolheu como uma espécie de homenagem a esse tipo de fã. Sim, Elvis abraçava o rock, mas não estava disposto a virar o rosto para o country and western de seus primeiros anos. Assim temos uma boa faixa, bem gravada, com Elvis evocando o antigo estilo de cantar do country de Nashville.

De Arthur Crudup, Elvis trouxe para o álbum a balada blues "So Glad, You're Mine". Para a turma de Nova Iorque, da equipe da RCA Victor na cidade, aquele tipo de sonoridade soava como algo diferente, até mesmo novo. Só que na verdade era uma velha canção, muito popular em bares e espeluncas de Memphis. Elvis a conhecia também do rádio, das estações black de Memphis. Esse aparelho era o principal meio de entretenimento da família Presley, sempre ligado ao fundo. Assim Elvis a conhecia muito bem, por isso também resolveu gravar sua própria versão que ficou excelente, melhor do que qualquer outra já feita, antes ou depois desse disco.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 1 de agosto de 2023

Elvis Presley - Elvis (1956) - Parte 1

O segundo disco de Elvis na RCA Victor foi bem mais produzido do que o primeiro. A gravadora ganhou confiança com o trabalho do cantor que já naquela altura havia se tornado o artista mais vendido do selo. Para alguém com vinte e poucos anos era um feito e tanto! Assim o produtor Steve Sholes trouxe para o estúdio mais músicos, mais instrumentos, tudo para melhorar o som do novo álbum.

Em 1956 o principal veículo de promoção de Elvis não foi o cinema (seu primeiro filme ainda nem tinha sido filmado), mas sim a televisão e seus programas de variedades. Bastaram as primeiras apresentações de Elvis na TV para que a polêmica tomasse conta da imprensa.

Falem mal de mim, mas falem de mim - diria o Coronel Parker. Claro, grande parte dos artigos eram críticas ferozes a forma como Elvis cantava e dançava. Para muitos aquilo era sexualizado demais, impróprio para as adolescentes que começavam a curtir Elvis. Hoje em dia a dança de Elvis nesses primeiros programas de televisão aparentam ser apenas giros bem originais de um artista que tentava de alguma forma chamar a atenção para sua música. A cabeça das pessoas dos anos 50 era mesmo bem diferente da nossa. Ecos de um mundo mais conservador e tradicional.

De qualquer forma para Elvis e seu grupo de músicos o importante era fazer um bom trabalho de estúdio. As primeiras músicas do novo disco foram gravadas nos estúdios da RCA na costa oeste. Era o Radio Recorders, localizado em West Hollywood, Califórnia. A primeiro canção não poderia ser mais simbólica, a bela balada "Love Me" de Leiber e Stoller. Nesse mesmo dia Elvis já havia gravado "Playing for Keeps" que seria lançada em single. Para "Love Me" foram necessários 9 takes para que Elvis se desse por satisfeito. O curioso é que anos depois Jerry Leiber explicaria que havia composto a música quase como uma sátira ao estilo country de Nashville. Elvis ignorou essa intenção original do compositor e fez uma grande gravação, uma das melhores e mais memoráveis faixas dessa fase de sua carreira.

Pablo Aluísio.