sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Elvis Presley - All Shook Up

Elvis Presley - All Shook Up
Cantor: Elvis Presley
Música: All Shook Up
Compositores: Otis Blackwell - Elvis Presley
Álbum: Elvis Golden Records
Selo: RCA Victor
Data de Gravação: 12 de janeiro de 1957
Produção: Steve Sholes
Engenheiro de Som: Thorne Nogar
Local de Gravação: Radio Recorders, West Hollywood, California

Músicos: Elvis Presley (vocais, violão), Scotty Moore (guitarra), Bill Black (baixo), DJ Fontana (bateria), Gordon Stoker (piano), The Jordanaires (vocais de apoio).

Comentários:
É um dos grandes sucessos da carreira de Elvis, lançado bem no meio de sua fase mais popular de rockstar, durante os anos 50. A primeira versão, que foi lançada em compacto simples em 1957, tinha uma sonoridade bem diferenciada, embora os arranjos lembrassem um pouco de "Heartbreak Hotel". Depois, ao longo dos anos, Elvis iria gravar outras versões diferentes, com arranjos mais soltos, mais leves. Nos discos ao vivo essas versões não iriam se destacar pelo cuidado técnico, porém as versões de 1969, no International Hotel de Las Vegas, são inegavelmente bem executadas, com muita energia.

A canção foi creditada a Otis Blackwell e Elvis Presley. Na verdade eles nunca sentaram juntos para compor a música. Conforme o próprio Elvis disse em entrevista, ele apenas teve a ideia inicial da letra, que segundo ele veio em um sonho. Depois Steve Sholes repassou o conceito para Blackwell que enfim construiu toda a música. O resultado ficou excelente, bem de acordo com o estilo vocal que Elvis usava na época, algo bem característico, o que levou um crítico de música de Nova Iorque a qualificar seu estilo de cantar como um "exercício criativo de como mastigar as palavras". Para finalizar vale relembrar que a primeira vez que o hit foi lançado em um álbum foi justamente no primeiro da série "Elvis Golden Records". Bem situado, já que esse foi realmente um sucesso dourado (premiado com disco de ouro) de sua fase inicial.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Elvis Presley - Entrevista no Canadá, 1957

Durante sua turnê pelo Canadá Elvis conversou com a imprensa Canadense (que será identificada pela sigla IC daqui em diante). A seguir trechos de perguntas e respostas realizadas durante entrevistas do cantor no país. E aí Elvis, o que foi que você disse mesmo?

IC: É a sua primeira vez no Canadá?

Elvis: Sim. É a minha primeira viagem para o Canadá.

IC: Qual é a sua primeira impressão de nosso país?

Elvis: Bom, eu estava me apresentando em Toronto na noite passada e fiquei realmente surpreso com a reação do público, o quão maravilhoso ele é. A platéia foi tão amigável, as pessoas dessa parte do Canadá realmente são ótimas.

IC: Elas certamente o esperavam há muito tempo.

Elvis: Eu estava querendo cantar aqui. Quando soube da minha nova turnê eu disse aos organizadores que eu queria ir até o Canadá. Na realidade venho tentando há mais de um ano mas eles achavam que eu ainda não era suficientemente conhecido por aqui. Um ano e meio atrás as pessoas não me conheciam o suficiente. 

IC: Isso parece inacreditável!

Elvis: Pois é, mas depois perceberam que eu poderia dar certo por aqui.

IC: Não há dúvida sobre isso agora! Elvis você certamente já é mais popular que Frank Sinatra em seu auge.

Elvis: ...

IC: Elvis você tem consciência de sua importância no show business?

Elvis: Sim, eu tenho. Só que eu não gosto de pensar muito sobre isso. Eu tenho medo de descobrir o tamanho que isso tudo tomou...

IC: Você recentemente construiu uma casa própria?

Elvis: Bem, eu não a construí, só a comprei. É uma bela propriedade (Elvis se refere a Graceland) Fica a cerca de dez Km de onde eu moro agora (em Audubon Drive). Tínhamos que encontrar um lugar maior já que eu tenho tanto lixo acumulado de todos esses anos! (risos). Eu já não sabia onde colocar aquilo tudo (risos)

IC: Você vai morar com seus pais lá?

Elvis: Sim.

IC: Você é apenas uma criança não é mesmo?

Elvis: Sim, senhor. (risos)

IC: Elvis você está namorando atualmente?

Elvis: Sim, mas não há nenhuma garota em especial. Quer dizer, quando estou em Memphis vejo algumas garotas por lá, mas nada sério ou especial.

IC: Você gostaria de casar um dia?

Elvis: Provavelmente sim, algum dia.

IC: Você acha que um casamento abalaria sua popularidade entre as fãs?

Elvis: Provavelmente sim. Mas não se preocupem com isso, eu não tenho qualquer plano de casamento. Eu ainda não conheci uma pessoa tão especial assim para pensar nisso.

IC: O que você acha de seu estilo de cantar? Você foi muito influenciado pela música country ou pop? Ou acredita que foi influenciado por ambos?

Elvis: Eu gosto de ambos mas eu gosto mais de Rock ´n´ Roll do que qualquer outra coisa. Rock é a música que eu coloco mais de mim mesmo.

IC: Você gostaria de deixar alguma mensagem para seus fãs canadenses?

Elvis: Claro. Eu gostaria de dizer que adorei profundamente o público canadense. Toronto, Ottawa, Montreal, recebi cartas maravilhosas de todos esses lugares e queria agradecer. Ultimamente tenho recebido mais mensagens desses locais do que em qualquer outro lugar dos Estados Unidos.

IC: Isso é Maravilhoso!

Elvis: Eu não estou dizendo isso apenas porque estou aqui no Canadá. É verdade, e essa foi uma das razões porque eu sempre quis vir aqui nesse país, para retribuir a todos que enviaram cartas e presentes. São tantas que mal posso contar.

IC: Isso deve fazer seus fãs felizes. Foi um prazer falar com você, Elvis.

Elvis: Muito obrigado.

Pablo Aluísio. 

domingo, 14 de janeiro de 2024

Elvis Presley - Elvis: Las Vegas '71

Elvis Presley - Elvis: Las Vegas '71
E os lançamentos de Elvis não param! Agora em 2023 temos o lançamento desse CD triplo trazendo muito material gravado na temporada de Elvis em Vegas no ano de 1971. Eu considero essa temporada de Vegas uma entressafra na carreira do cantor. Ele não tinha mais a mesma energia de 69 e 70 e nem tampouco trouxe a fibra de inovar e se apresentar com o mesmo carisma que iria mosttrar nos palcos em 72, época em que se mostrou muito empolgado pela realização do filme "Elvis on Tour". Sempre que desafiado Elvis rendia o dobro, como podemos bem perceber ao ver sua carreira nesses anos. 

Pois bem, material não falta nesse novo lançamento, só não espere por material inédito. Isso porque tudo já foi lançado antes em bootlegs. Só que a Sony não errou em trazer essas gravações para o lado oficial da discografia de Elvis, afinal não é todo mundo que conhece ou encara esse submundo de bootlegs, então o lançamento vem em boa hora e tem sua razão de ser. De resto tem muita coisa boa para se ouvir aqui. É realmente um registro importante de Elvis Presley nos palcos da cidade do pecado. 

Elvis Presley - Elvis: Las Vegas '71 (2023)

CD-1: Las Vegas, Jan 27 1971 MS
1) Also Sprach Zarathustra
2) Thats All Right
3) You Dont Have To Say You Love Me
4) Love Me Tender
5) There Goes My Everything
6) Sweet Caroline
7) You've Lost That Loving Feelin'
8) Polk Salad Annie
9) Only Believe
10) How Great Thou Art
11) Introductions
12) Johnny B.Goode
13) The Wonder Of You
14) Something
15) Make The World Go Away
16) Love Me
17) One Night
18) Blue Suede Shoes
19) Hound Dog 

CD-2: Las Vegas, Jan 28 1971 MS
1) Also Sprach Zarathustra
2) Thats All Right
3) I Got A Woman
4) Love Me Tender
5) You Dont Have To Say You Love Me
6) Sweet Caroline
7) You've Lost That Loving Feelin'
8) Polk Salad Annie
9) Introductions
10) Johnny B. Goode
11) Introductions
12) Something
13) Introductions
14) The Wonder Of You
15) Heartbreak Hotel
16) Blue Suede Shoes
17) Hound Dog
18) One Night
19) Teddy Bear
20) Suspicious Minds
21) The Impossible Dream
22) Closing Vamp

CD-3: Las Vegas, Jan 29 1971 DS
1) Also Sprach Zarathustra
2) Thats All Right
3) I Got A Woman
4) Love Me Tender
5) You Dont Have To Say You Love Me
6) Sweet Caroline
7) You've Lost That Loving Feelin'
8) Polk Salad Annie
9) Introductions
10) Johnny B. Goode
11) Introductions
12) Something
13) Heartbreak Hotel
14) Blue Suede Shoes
15) Teddy Bear
16) Hound Dog
17) Snowbird
18) The Impossible Dream
19) Closing Vamp

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Elvis Presley - Entrevista, 1957 - Parte 2

Imprensa: O que é este lindo anel em sua mão esquerda?

Elvis Presley: É uma estrela de safira. Uma garota me deu esse anel na Califórnia.

Imprensa: Elvis, você fuma maconha para ajudá-lo a entrar em transe, antes do show?

Elvis Presley: (Elvis dá uma risada debochada)

Imprensa: O que é mais difícil para você? Fazer filmes, TV ou colocar o pé na estrada para fazer shows?

Elvis Presley: Bem, viajar é a parte mais dura. É realmente difícil. Você está numa cidade, faz um show, sai de cena, entra no carro e vai para a próxima cidade e tudo se repete mais uma vez. É cansativo.

Imprensa: Após o show, como você gosta de relaxar?

Elvis Presley: Bem, vamos tomar por base o show que fiz na noite passada. Fizemos um show em Vancouver e não consegui dormir até por volta das dez horas de hoje. Você simplesmente fica ligado demais para poder conseguir dormir. Tudo estava acertado para que eu chegasse hoje em Los Angeles, mas tudo ficou atrasado por causa desse show da noite anterior.

Imprensa: O que você faz antes de um show para diminuir a carga de excitação e tensão?

Elvis Presley: Eu apenas ando de um lugar a outro, bem devagar...

Imprensa: Queria dar-lhe uma oportunidade para defender-se de uma série de boatos a seu respeito que têm sido publicados. Seu estilo de dançar enquanto canta tem sido selvagemente criticado, mesmo por críticos costumeiramente gentis. Você tem algo a dizer contra eles?

Elvis Presley: Não, não mesmo. É apenas seu trabalho e eles o fazem.

Imprensa: Como você sente a reação dos jovens em relação a você, especialmente garotas? Elas sabem quem você é e daí por diante?

Elvis Presley: Bem, (risos) esta é uma pergunta um tanto quanto difícil...

Imprensa: Isto é realmente uma pergunta difícil, Elvis, porque todos sabem que a platéia fica louca por você. Existe algum tipo de relacionamento entre você e suas fãs?

Elvis Presley: Sim, convivo realmente bem com elas. Com todos os meus fãs. Na realidade, quando termino meu trabalho e vou para casa, eles me acompanham... trazem suas famílias, acampam ao redor de Graceland, principalmente nos finais de semana... e tiram fotos comigo.

Imprensa: Deve ser algo bem excitante.

Elvis Presley: É, sim, muito excitante e legal. É uma coisa saudável.

Imprensa: Você acha que o rock'n'roll e sua popularidade vão diminuir enquanto você estiver no exército?

Elvis Presley: É difícil dizer. Tudo que posso dizer é que espero que não...

Imprensa: Para você será um alívio se ver livre de caçadores de autógrafos e garotas histéricas?

Elvis Presley: Não. Quando você se acostuma a isso e ninguém chega para pedir autógrafos ou se ninguém o incomoda, você começa a se preocupar. Conforme eles começam a chegar, você sabe que eles ainda gostam de você, e isso o faz sentir-se bem.

Imprensa: Tivemos conhecimento de que você chegou às vias de fato com algumas pessoas. O que lemos nos jornais é verdade?

Elvis Presley: Sim senhor, eu imagino.

Imprensa: O que aconteceu? Você perdeu a paciência?

Elvis Presley: Foi somente um caso de bater ou apanhar, você sabe.

Imprensa: O que quem começado esses incidentes na maioria das vezes?

Elvis Presley: Alguém me bate ou tenta me bater. Quero dizer, posso aceitar tentativas de me ridicularizarem ou me caluniarem, inventam nomes e os dizem na minha cara e por aí vai. Contudo, alguns caras chegam e tentam me atingir. Naturalmente não posso ficar parado.

Imprensa: Qual é o seu esporte favorito Elvis?

Elvis Presley: Football (logicamente Elvis se refere ao futebol americano)

Imprensa: Você gosta de jogar Football?

Elvis Presley: Sim.

Imprensa: Onde foram tiradas aquelas fotos suas jogando football e que foram publicadas na revista de um fã clube?

Elvis Presley: Elas foram tiradas num campo perto de casa.

Imprensa: Fora dos limites de Memphis?

Elvis Presley: Sim.

Imprensa: E quanto a sua famosa coleção de Teddy Bears?

Elvis Presley: Ah! Isso tudo começou por causa de um boato. Foi publicado um artigo segundo o qual eu colecionava ursinhos de pelúcia e então me vi em um mar de ursinhos dados pelos fãs, teddys de todos os tipos. Na verdade, eu os guardo porque as pessoas me dão de presente, mas nunca cheguei nem mesmo perto de pensar em colecioná-los, em nenhum momento de minha vida.

Imprensa: Você gosta deles agora porque os tem ou apenas os guarda?

Elvis Presley: Eu os guardo. Tenho todos espalhados pelas paredes e cadeiras em toda a casa.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Elvis Presley - Entrevista, 1957 - Parte 1

Entrevista do jovem cantor Elvis Presley durante sua turnê no Canadá em 1957. Na ocasião ninguém sabia mas aquela seria sua primeira e última turnê de shows internacionais, fora dos Estados Unidos.

Imprensa: Você lê tudo o que se publica sobre você na imprensa?

Elvis Presley: Não, se eu puder evitar.

Imprensa: Você costuma arquivar reportagens?

Elvis Presley: Somente as boas.

Imprensa: Que tipo de adolescente foi você? Você considera que foi bem comportado?

Elvis Presley: Sim. Fui criado num lar muito decente e tudo o mais. Meus pais sempre me ensinaram a comportar-me, quer eu quisesse ou não.

Imprensa: O que você faz com quatro cadillacs?

Elvis Presley: Não sei. Nunca tive uso para os quatro.

Imprensa: Você deu um deles a sua mãe, não é verdade?

Elvis Presley: Tudo o que é meu é deles. Planejo ter sete, quero dizer, desejo ter sete... Estive pensando num lote de carros usados Presley.

Imprensa: Sabemos que você comprou uma casa para seus pais e, embora seu pai tenha apenas 39 anos, você insistiu para que ele se aposentasse. Isto é verdade?

Elvis Presley: Sim, ele pode ajudar mais em casa, porque pode tomar conta dos meus negócios e olhar tudo, enquanto eu não estiver por perto.

Imprensa: Você causa uma histeria em seu jovem público. Quando você dança se movimenta de uma forma diferente, não é uma reação involuntária à reação da platéia?

Elvis Presley: Involuntária? Estou sempre ciente daquilo que faço, mas é apenas como me sinto.

Imprensa: Estávamos comparando a reação de seu público com, por exemplo, um jogador de futebol que atua melhor como resposta ao incentivo da torcida.

Elvis Presley: Está Certo. Acho que todo artista melhora seu desempenho quando percebe que está agradando.

Imprensa: Falando sobre canções religiosas, se você lançar um LP ou single, que música incluirá ? Você já pensou sobre isso ? Já conhece algum gospel?

Elvis Presley: Conheço praticamente cada canção religiosa já escrita.

Imprensa: O que você acha de Pat Boone ?

Elvis Presley: Acho que é, sem dúvida, a melhor voz do momento, especialmente em músicas românticas. Não estou dizendo isso só por dizer, mas realmente penso assim. Boone gravava antes de mim e compro seus discos desde então.

Imprensa: Que chances você acha que uma cantora teria de conseguir figurar entre as dez mais das paradas de sucesso ?

Elvis Presley: Você está se referindo a alguma cantora em especial ?

Imprensa: Não, de cantoras em geral.

Elvis Presley: Não sei. Ainda não vi nenhuma. Acredito que isso vai depender de tipo de músicas que elas cantem. Aquilo que você grava pode levantá-lo ou derrubá-lo. Se você canta uma boa música, ela vai vender, se apresentar um material ruim, não.

Imprensa: Qual é a sua cantora favorita no momento ?

Elvis Presley: Patti Page e Kay Star.

Imprensa: Qual é a sua canção favorita dentre todas que já gravou ?

Elvis Presley: Don't Be Cruel.

Imprensa: Andaram dizendo que as únicas extravagâncias são seus carros. Isto é verdade ?

Elvis Presley: Sim, é verdade. Nunca pensei quanto extravagante isso é, porque tenho muitos carros, quero dizer, ninguém os dirige. Eles ficam parados lá até os pneus murcharem. Na verdade eu não preciso de quatro. Foi só uma loucura.

Imprensa: E quanto às suas camisas ?

Elvis Presley: Vou dizer-lhe o que fiz outro dia. Tenho um pequeno carro alemão, um Messerschmidt, e havia um cara que durante o ano passado quis muito esse carro. Ele tem uma loja de roupas, uma das melhores de Memphis. Hoje fui lá e disse-lhe: "Você tem desejado muito esse carro, não é? Pois vou oferecer-lhe um negócio. Deixe me pegar todas as roupas que quero" Assim fiquei por lá por cerca de duas horas e meia e esvaziei a loja em troca do carro.

Imprensa: Alguma coisa mais que queira nos dizer?

Elvis Presley: Bem, gostaria de dizer que agradeço toda a ajuda que vocês têm me dado e quero dizer o quanto adoro essas pessoas maravilhosas que têm escrito sobre mim, comprando meus discos, assistindo meus shows. Afinal, o que importa é o público. Ele o levanta ou o derruba. Quero entreter as pessoas. Por toda a vida - até meus últimos suspiros. Mais do que tudo, quero ser bom ator. Do tipo destes que estão por aí há tanto tempo. Mas, não quero parar de cantar nunca. Quando a música começa, eu tenho que me movimentar.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Elvis e sua Roupa Dourada

Após terminar seu filme "Loving You" (a mulher que eu amo, 1957), Elvis fez uma apresentação no International Amphitheater em Chicago no dia 24 de março de 1957. Na ocasião o cantor usou a famosa "Gold Leaf" pela primeira vez. A roupa toda dourada foi uma criação do estilista Nudie Cohen. Seu nome, folha dourada ou folha de ouro, aliás era bem adequada para o momento de Elvis em sua carreira pois ele estava mesmo colecionando discos de ouro, um atrás do outro! Cinco dias depois o cantor voltava ao palco no Kiel Auditorium em St. Louis, no repertório seus maiores hits no momento, "All Shook Up", "Don't be Cruel" entre outras. E novamente lá estava ele, todo dourado, diante de suas fãs histéricas.

Esta famosa roupa, a "Gold Leaf", apareceu na capa do disco "Elvis Golden Records vol 2". Este é um disco que reúne os principais singles de sucesso de Elvis Presley no período em que ele estava servindo o exército na Alemanha. Na minha modesta opinião é o melhor trabalho musical roqueiro de toda a carreira do cantor. As canções aqui presentes são simplesmente o melhor exemplo do Rock'n'Roll de Elvis nos anos 50. Foi lançado em dezembro de 1959 marcando a despedida do rei aos melhores anos de sua trajetória artística. E pra (não) variar foi também premiado com disco de ouro poucos dias depois de chegar nas lojas. 

Imortalizada na capa do disco, a roupa não iria muito longe nos concertos ao vivo. O figurino iria ser usado poucas vezes por Elvis. Ele ainda a usaria nos shows no Canadá em 1957, mas nessas ocasiões Elvis reclamaria que tinha literalmente torrado dentro dela. Era uma roupa de show muito bonita, mas muito quente. E quando Elvis surgia embaixo de fortes holofotes, a temperatura se tornava insuportável para ele. Depois disso Elvis meio que a abandonaria para sempre, a levando para Graceland, onde foi devidamente guardada por anos e anos, só reaparecendo para os fãs em momentos de exposições, etc. Afinal apesar de Elvis ter usado a vestimenta por pouco tempo, ela ficaria para sempre guardada na memória dos fãs, ainda mais por aparecer na capa de um de seus mais populares e famosos álbuns de rock dos anos 50. Hoje a peça se encontra permanentemente em exposição em Graceland, para deleite dos fãs de roupas icônicas da história do rock.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Uma Carta do Elvis

O Rock'n'Roll está por aí há muitos anos. Era chamado de Rhynthm and Blues e tanto quanto possa me lembrar sempre foi grande, embora nos últimos cinco anos tenha se tornado ainda maior. Na verdade o Rock é a fusão de outros estilos como Country, Gospel e Blues. Não acho que o Rock vá morrer completamente porque terão que apresentar algo ainda melhor para tomar seu lugar. Se você sente e gosta de Rock'n'Roll, não pode evitá-lo e sim, dançar com ele. Isto é o que acontece comigo, não posso evitá-lo. Não vejo como qualquer tipo de música possa causar má influência nas pessoas. É somente música.

Não posso conceber essa idéia. Muitos jornais dizem que o Rock é um grande fator de influência no aumento da delinqüência juvenil, mas não vejo como a música possa ter algo a ver com isso. Quero dizer, como o Rock'n'Roll pode fazer alguém se rebelar contra os pais? Tenho sido o culpado por tudo o que acontece de errado neste país, de que tenho dado idéias aos jovens, seja lá o que for que queiram dizer com isso. Dizem que sou vulgar. Não faria nada de vulgar na frente de quem quer que seja, principalmente de adolescentes e crianças. Meus amigos não falam de mim assim.

Não faço nada de mais em meu trabalho. Apenas me movimento de acordo com o ritmo, de acordo com o tempo da música. Se ouço um boa música eu tenho de me movimentar. Se algum dia eu ficar parado em um palco, será porque estou morto. Sinatra atacou a música jovem há alguns dias atrás. Disse que "os entusiastas do Rock'n'Roll são simplesmente um bando de valentões cretinos e o rock era a música marcial de todo delinqüente com costeletas na face da terra". Ele tem o direito de pensar o que quer, mas não posso permitir-lhe que vá ofendendo Deus e todo o mundo, sem razão plausível. Eu não malharia Frank Sinatra. Gosto muito dele. Se bem me lembro, também ele fazia parte de uma certa tendência que se parecia exatamente com o Rock'n'Roll. Acho que o Rock'n'Roll é uma música fantástica. Não consigo entender isso.

Para mim, delinqüência juvenil significa roubar, apunhalar e assim por diante. Não fiz nada para que me acusassem disso e jamais incentivarei um estilo de vida como esse para que os outros o seguissem. Sempre procuro levar uma vida pessoal digna que lhes dê um bom exemplo. Sempre penso nisso. É difícil explicar o Rock'n'Roll, a energia dessa música. Não é o que se chama de música folk. É a batida que leva você, você a sente. Esse sentimento vem desde os meus primeiros shows e espero nunca perdê-lo. Quando você se apresenta tem que mostrar algo para o público. As pessoas podem comprar seus discos e ouvi-los cantar e não têm que sair de casa para isso.

Você tem que fazer um show que movimente a platéia. Se eu simplesmente subisse no palco e cantasse sem mover-me, as pessoas diriam: - "posso ficar em casa e ouvir seus discos" Você tem que lhes dar um show, algo que possam comentar: - "Uau, Demais!" Tive realmente muita sorte, muita sorte mesmo. Acontece que apareci numa época em que a música e o seu ramo de negócios estavam sem rumo ou tendência. Tive muita sorte. As pessoas procuravam por algo diferente e eu tive sorte de chegar na hora certa. Hoje a música já tem um rumo certo e ele se chama "Rock'n'Roll".

Elvis A. Presley.